Nem 'Alquimia das Almas', nem 'Tudo Bem Não Ser Normal': 7 doramas que não existiriam se o protagonista fizesse terapia

Nem todo dorama precisa de vilões ou acontecimentos marcantes, como acidentes ou reencarnações. Algumas histórias são marcadas por protagonistas emocionalmente instáveis, com traumas não resolvidos e uma bela tendência a evitar terapia a qualquer custo. Se eles simplesmente sentassem para conversar com um profissional, metade do roteiro viraria um curta-metragem de 15 minutos.

Mas é justamente esse caos emocional que nos prende em alguns doramas, e que fazem a gente sofrer junto, torcer por redenção e por migalhas de felicidade... e muitas vezes nos perguntamos: "gente, por que ele/ela não faz terapia?". Porque, em algumas produções, é mais fácil invocar uma raposa de nove caudas ou trocar de alma do que encarar os próprios sentimentos...

Pensando nisso, reunimos uma lista de sete protagonistas que, se tivessem feito algumas sessões de terapia, provavelmente teriam nos poupado de muito sofrimento, e talvez até colocado roteiristas em apuros. Afinal, como criar tensão dramática quando tudo está bem resolvido por dentro?

Gang-tae é cuidador em uma instituição psiquiátrica e tem a vida inteira moldada em função do irmão autista, Sang-tae. Desde pequeno, aprendeu a reprimir seus sentimentos, esconder suas dores e se adaptar ao mundo para manter o controle - ou pelo menos a ilusão dele. O personagem carrega um peso emocional que não é só responsabilidade, mas também culpa, luto e abandono. 

Sua dificuldade em se permitir amar ou ser amado revela o quanto cresceu ignorando a própria saúde mental. Gang-tae é o típico personagem que aprendeu a cuidar de todo mundo, menos de si mesmo.

Escritora de livros infantis com traços de transtorno de personalidade antissocial, Moon-young cresceu em um ambiente familiar tóxico e extremamente controlador. Sua mãe era abusiva e manipuladora, e moldou sua visão de amor como algo violento e possessivo. Ao mesmo tempo, seu comportamento e agressivo é uma forma desesperada de se proteger. 

Moon-young usa a excentricidade como armadura e até incomoda muitas pessoas com isso, mas o que existe por trás é uma mulher profundamente ferida e sem nenhuma referência de afeto saudável. Terapia? Ela precisava de uma dose dupla, e com urgência.

Filho de um clã poderoso, mas renegado por um segredo sobre sua origem, Jang Uk cresceu sendo desprezado, com a energia espiritual selada. Sua personalidade se constrói a partir da frustração, da solidão e do desejo de provar que é digno para a família. Por isso, o personagem vive em conflito com a própria essência, e consequentemente com todos ao seu redor. 

Por trás da arrogância e das lutas que marcam o dorama, há um jovem que só queria entender de onde veio e por que nunca foi aceito por aqueles que deveriam amá-lo. Uma terapia analítica cairia como uma luva aqui.

Imortal, guardião espiritual e apaixonado por um amor do passado que ele nunca conseguiu superar, Lee Yeon vive séculos preso à culpa e à ideia de redenção, acreditando que tudo o que faz no presente é um castigo ou uma tentativa de reparar os erros de vidas passadas. Mesmo ao reencontrar sua amada, ele continua a se punir e evitar a felicidade como se não fosse merecedor. Esse raposo tem muitas questões a serem tratadas.

À primeira vista, ele é o namorado ideal: bonito, inteligente e bem-sucedido. Mas por trás da fachada perfeita, Yoo Jung esconde um comportamento controlador e super manipulador, que chega a ser perigoso. Ele observa silenciosamente, manipula situações para manter o controle e não tem o menor pudor em punir com frieza. Yoo Jung é o clássico caso de alguém que usa a distância como forma de proteção, mas que transforma o amor em um jogo de poder. 

Ex-promessa do taekwondo, Dong-man é um homem que vive à sombra do que poderia ter sido. Ele reprimiu seu sonho, abandonou a carreira por conta de um trauma mal resolvido e passou a se contentar com uma vida que não o representa. Seu maior conflito é interno: ele acredita que só será digno de amor e respeito se voltar ao topo. Essa busca constante por validação o impede de enxergar o próprio valor no presente e aproveitar a vida.

Diagnosticada com prosopagnosia, um distúrbio que a impede de reconhecer rostos, So-yeon desenvolveu um estilo de vida completamente solitário e isolado. Ela evita contato humano, vive com medo de ser exposta e se relaciona apenas com o holograma de uma inteligência artificial. Seu maior trauma? A vergonha e o abandono que sofreu no passado por conta da sua condição. 

Embora seu isolamento seja compreensível, é evidente que ela construiu muros em vez de pontes. Mais do que um romance futurista, esse dorama mostra o quanto o afeto humano ainda é insubstituível, e como a protagonista precisava aprender isso sem tanto sofrimento.