A novela "Alma Gêmea" (2005/2006) vem sendo exibida pela segunda vez no "Vale a Pena Ver de Novo" elevando os índices da tradicional faixa de reprises da tarde. A trama de época de Walcyr Carrasco reúne no seu elenco um ator que deu vida ao palhaço Bozo no SBT e artistas já falecidos como Nicette Bruno e Ankito, além de Fulvio Stefanini, que encarou dias na UTI por conta de doença incurável.
E você sabia que Alexandre Barilari, intérprete do assassino Guto, passou três dias em um presídio de verdade tendo contato com mais de dez presos? No folhetim, o vilão é cúmplice de Cristina (Flávia Alessandra), por quem é apaixonado, e assassino de Luna (Liliana Castro), mulher de Rafael (Eduardo Moscovis).
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Em maio de 2005, o jornal "O Globo" entrevistou Barilari, hoje com 51 anos e longe das novelas desde "Nos Tempos do Imperador" (2021/2022), que marcou sua volta ao canal líder após 15 anos - curiosamente, "Alma Gêmea" havia sido seu trabalho mais recente antes de migrar para o SBT (em 2006) e depois para a Record (um ano depois).
Como laboratório para o personagem, o ator assistiu filmes que abordavam a questão dos crimes e leu livros. Depois, ficou três dias em uma cela do presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte do Rio. "Foi uma experiência maravilhosa. O que me interessava eram as emoções, o que os leva a cometer um crime", afirmou o artista, cuja irmã na época trabalhava no setor de psiquiatria do complexo penitenciário.
ÊS DIAS NA CELA COM 12 PRESIDIÁRIOS
Para interpretar o assasssino Guto em "Alma gêmea", próxima novela das 18h da Globo, Alexandre Barillari começou seu estudo seguindo o caminho de muitos atores: devorou livros e assistiu a filmes sobre o mundo do crime. Mas não foi o bastante. Para ele, faltava o ponto de vista de quem praticou o delito. Por isso, o ator foi passar três dias no presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte do Rio, onde teve contato com 12 detentos. Foi esse laboratório que forneceu os elementos que Barillari precisava para compor o primeiro vilão de sua carreira.
- Foi uma experiência maravilhosa. O que me interessava eram as emoções, o que os leva a cometer um crime - diz o ator, que teve ajuda da irmã, Adriana Barillari, psiquiatra da penitenciária.
No primeiro dia, Barillari fez um reconhecimento do presídio, passeando pelos corredores das celas, cozinha e varanda. Quando passou pelo portão, achou que tinha sido recebido por um funcionário. Só mais tarde é que soube que era um detento. Conversou sozinho na cela com os assassinos e latrocidas. Ele garante que não teve medo, mas confessa que se impressionou com o jeito dos presos:
- O olhar deles é enviesado, de quem causou algum dano. Eles falam baixo e lentamente, em tom grave.
No bate-papo com os detentos, o ator observou que eles não sentem arrependimento pelo crime, muitos têm tiques nervosos, são resignados quanto à pena, mas todos sonham com a liberdade:
- Não podia forçar ninguém a falar comigo, mas dava segurança a eles, que eu estava lá por causa de um trabalho, não tinha o sentido de remissão de penas. Surpreendentemente, eles abriram seu coração comigo e me contaram suas histórias.
Na trama escrita por Walcyr Carrasco, Guto matará com um tiro a bailarina Luna (Liliana Castro), mulher do botânico Rafael (Eduardo Moscovis), durante um assalto. O bandido cumprirá pena de sete anos por assalto. Quando sair da cadeia, ele se juntará à amante e vilã Cristina (Flávia Alessandra) para infernizar a vida de Rafael e Serena (Priscila Fantin), mestiça que é a reencarnação de Luna.
- Guto e Cristina serão parceiros nas maldades contra o casal. Um diz mata e o outro, esfola. Basta um olhar para se entenderem. Ele faz tudo movido pela paixão - conta.
