Parceiro de Raul Seixas na música e autor de mais de 20 livros, Paulo Coelho completa 78 anos neste domingo (24). Membro da Academia Brasileira de Letras, alvo de censura na Líbia, e nomeado "Mensageiro da Paz" pela ONU, o responsável por "O Alquimista" e "O Monte Cinco" não conseguiu repetir na TV o fenômeno de seus livros.
Em 1998, um ano antes de ser extinta, a Manchete decidiu adaptar "Brida", lançado em 1990, para o mundo das novelas. Assim como ocorreu com "Brasileiras e Brasileiros" (SBT) no começo daquela década, e algumas tramas das das sete da Globo o fracasso foi colossal. Além disso, o folhetim conviveu sequência de problemas nos bastidores como troca de protagonista.
E como "cereja do bolo", "Brida" exibiu um final "sem término" no último capítulo. Ufa! E se você quer saber detalhes, o Purepeople regressa ao tempo para te contar.
Os problemas que envolveram "Brida" começaram em meados de junho quando a novela nem protagonista tinha embora faltassem cerca de 30 dias para as gravações começarem. Na época, alguns nomes do elenco já estavam garantidos como Rubens de Falco. Àquela altura, Christine Fernandes havia desistido de protagonizar a futura novela.
"Uma bruxa que não tira a roupa não é bruxa. Além do mais, não posso trabalhar com uma atriz que tem limitações", disparou Walter Avancini, diretor, ao "Jornal do Brasil" de 18 de junho pouco mais de um mês depois da atriz ser anunciada no papel. "Batalhei muito por isso. Quando soube da ideia do Avancini, que havia me convidado para trabalhar com ele em outra ocasião, intuí que Brida deveria ser minha e fui falar com ele", havia dito Christine ao "O Globo".
Já no dia 7 de junho, a atriz comentou ao mesmo jornal sua saída. Segundo ela, em comum acordo: "Foi uma decisão consciente. Não poderia fazer a novela me sentindo infeliz. Até porque o conceito de Brida é o da felicidade". "Não avisei antes que ela teria que tirar a roupa porque, em princípio, acho que os atores não devem ter esses pudores", rebateu o diretor.
Tendo estreado com 5 de média - o canal tinha como meta dar o dobro -, "Brida" encarou outro problema com apenas 14 capítulos no ar. A adaptação do livro passou a ser de Sonia Mota e Angélica Lopes no lugar de Jayme Camargo. Ironicamente, o folhetim reduziu o nu e o sexo.
No começo de setembro e com menos de um mês no ar, foram anunciados novos nomes no elenco - entre eles Victor Wagner, Carla Regina e Tânia Alves, artistas com grande histórico no canal. A gota d'água viria em meados de outubro. No dia 16, o "Jornal do Brasil" anunciava que os estúdios da novela haviam sido desativados.
A Manchete já agonizava com a greve dos mais diversos setores e a equipe de "Brida" não havia recebido o salário de setembro. Por fim, a pé de cal. O capítulo final mostrou a narração do que aconteceria com os personagens depois que o elenco cruzou os braços.
Dessa forma, a novela que chegaria ao fim em março de 1999 terminou após apenas 54 capítulos.