Quem assiste ao mundo ensolarado de 'História de Amor', com musical de Ivan Lins ao fundo, as belas praias do Rio de Janeiro e pessoas sorridentes, não imagina uma polêmica que se instalou durante a novela.
No início da história, exibida em 1995, Regina Duarte vivia uma Helena com um visual mais desalinhado, digamos, em que roupas mais largas e tranças naturais faziam parte da protagonista.
No entanto, a escolha estética não agradou grande parte do público, que disseminava comentários maldosos contra sua aparência. Em carta publicada no Jornal do Brasil, um leitor criticou: "Aquela trança dá a ela um aspecto de favelada"
A repercussão das críticas não caiu bem para o autor Manoel Carlos e para a Globo, embora não alterasse a audiência do folhetim das seis. Mesmo assim, a emissora tomou a medida de mudar o visual da personagem: cabelos soltos, curtos e lisos, alinhados, além de um figurino mais refinado fez parte da 'nova Helena'.
Não é de hoje que existem críticas em torno de comportamentos sociais na teledramaturgia brasileira. Na novela 'A Lua Me Disse', de 2005, a periferia da novela foi rechaçada de forma pejorativa. Além do mais, a novela sofreu ao discutir preconceito e estereótipos.
As personagens Latoya (Zezeh Barbosa) e Whitney (Mary Sheila) foram alvo de comentários maldosos de ativistas negros, que acusaram a Globo de estimular o preconceito, uma vez que as irmãs faziam questão de negar a própria raça.
Já em 'Corpo a Corpo', de 1984, outra questão sobre racismo foi abordada. Desta vez, por conta de um casal interracial. Na ocasião, Sônia Rangel (Zezé Motta) era casada com um homem branco, Cláudio (Marcos Paulo).
Vilã da trama, Lúcia (Joana Fomm) entoava palavras preconceiutosas. “Ela é uma macaca!”, grita. “Ele não pode se apaixonar por uma macaca. Já viu o nariz dela, aquele cabelo de bico?” Em outros momentos, a expressão 'crioula' era usada para minimizar a personagem.