Imagine doar um rim para seu chefe e ser demitido em troca...
Parece loucura, mas foi exatamente isso que aconteceu com uma mulher em Long Island. Debbie Stevens, na época com 47 anos, entrou com uma ação por discriminação na Comissão de Direitos Humanos de Nova York, alegando que sua chefe a armou para algo injusto.
Stevens começou a trabalhar como funcionária administrativa na Atlantic Automotive Group, uma empresa bilionária que opera diversas concessionárias de carros novos, em junho de 2009. Ela conheceu sua chefe, Jackie Brucia, que atuava como uma das controladoras da empresa de West Islip.
Ela deixou a empresa em junho de 2010 para se mudar para a Flórida e retornou a Long Island em setembro para uma visita ao seu antigo escritório. Enquanto estavam no ex-ambiente de trabalho, Brucia contou a Stevens sobre seus problemas de saúde e "sua necessidade de um transplante de rim", segundo um documento judicial.
Durante a conversa, Brucia disse a Stevens que havia localizado um possível doador, um amigo da família. Debbie então disse a Brucia que, "por ser uma pessoa naturalmente gentil e generosa", como constam nos autos, "ela estaria disposta a doar um rim".
Como resposta, Brucia disse: "Nunca se sabe, um dia talvez eu tenha que aceitar essa oferta". Logo depois, Debbie decidiu voltar para Long Island e perguntou a Brucia se ela poderia voltar a trabalhar no grupo automotivo e, então, ela foi recontratada em poucas semanas.
Documentos judiciais afirmam que Brucia disse a Debbie que seu doador foi negado e, como ela não era exatamente compatível com ela, doou seu rim esquerdo para outra pessoa, o que elevou Brucia a um nível superior na lista de espera e ela recebeu seu órgão de outra pessoa.
Ao New York Post Debbie contou: “Meu rim acabou indo para St. Louis, Missouri, e o dela veio de São Francisco”. Ela disse que não tinha noção da extensão total da cirurgia e relatou que sentia dores intensas, desconforto nas pernas e problemas digestivos. Disse ainda que se sentiu pressionada a voltar ao trabalho, apesar de não estar preparada, em 6 de setembro.
Stevens voltou para casa doente, apenas três dias após retornar ao trabalho. Ao chegar em casa, Stevens disse ter recebido um telefonema de Brucia, que a repreendeu por sair mais cedo do trabalho. "'Você não pode ir e vir quando quiser. As pessoas vão pensar que você está recebendo tratamento especial'".
Além disso, o assédio continuou mesmo depois que ela voltou ao trabalho, afirmando que era alvo de gritos na frente dos colegas de trabalho por causa de supostos erros.
A punição no trabalho continuou. Eventualmente, seu escritório e suas horas extras foram removidos, e ela foi rebaixada para uma concessionária a 80 quilômetros de sua casa e em uma área de alta criminalidade. Seus colegas de trabalho, brincando, chamavam a área de "Sibéria".
Ela conta que começou a sentir angústia mental e consultou um psiquiatra. Contratou um advogado trabalhista, que escreveu uma carta à empresa e foi rapidamente demitida. Brucia ainda não se pronunciou sobre a situação. Seu marido, James, disse aos repórteres que as alegações estavam "longe da verdade" e não deu mais detalhes, mas afirmou: "Ela não demitiu ninguém".
O advogado de Debbie, Lenard Leeds, planeja abrir um processo por discriminação contra o Atlantic Automotive Group e provavelmente pedir milhões de dólares em indenização. “Não me arrependo de ter doado um rim porque isso salvou a vida de um homem no Missouri”, declarou ela.