






Fernando Collor de Mello foi preso na última sexta-feira (25), sob acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. No entanto, esta não é a única polêmica judicial enfrentada pelo ex-presidente nos últimos tempos: ele é acusado de retirar ilegalmente R$ 6 milhões dos cofres da TV Gazeta de Alagoas, da qual é proprietário, para despesas pessoais. A emissora é afiliada da TV Globo no estado.
Segundo informações publicadas pelo colunista Gabriel Vaquer, do jornal Folha de São Paulo, essas retiradas não eram autorizadas pelo plano de recuperação judicial da empresa. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso depois de um dossiê entregue ao Ministério Público, que aponta uma série de irregularidades.
As denúncias têm como ponto de partida as ações judiciais abertas contra Collor por ex-funcionários da Gazeta, que têm dinheiro para receber da emissora. A maioria das dívidas é por salários atrasados e falta de pagamento de direitos.
Por conta da recuperação judicial, processo que permite a uma empresa que enfrenta dificuldades financeiras reestruturar suas dívidas e evitar a falência, a Gazeta tem que apresentar mensalmente o caixa da empresa para que os credores e o Ministério Público fiscalizem os gastos.
Ainda segundo Vaquer, o administrador judicial designado pelo Ministério Público deixou passar a retirada de diversas quantias entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. Todas elas teriam sido feitas por Collor e o valor chega a R$ 6 milhões.
Em outubro de 2022, o dossiê foi entregue ao Ministério Público e houve a autorização para a abertura do inquérito. Segundo o advogado Marcos Rolemberg, que, em conjunto com um corpo de advogados do Rio Grande do Sul, tem auxiliado os ex-funcionários da TV, o caso só foi para a esfera policial após muita pressão dos funcionários que ainda não receberam.
Na tentativa de receber o dinheiro, diversos funcionários passaram a processar Collor diretamente. Graças a isso houve a penhora de parte das cotas de sociedade da Gazeta.
O ex-presidente negociou diretamente com quem tinha penhoras em processos avançados e chegou a fazer acordo com quatro credores. A promessa era que a dívida fosse quitada em parcelas mensais, mas com a prisão de Collor, essas pessoas temem não receber mais. O segundo pagamento estava previsto para esta segunda-feira (28).