O público que cresceu acompanhando as aventuras de Emília, Narizinho e Pedrinho recebeu uma notícia triste nesta segunda-feira (6). Morreu aos 83 anos o ator David José Lessa Mattos, conhecido por dar vida ao primeiro Pedrinho na versão original do clássico “Sítio do Picapau Amarelo”, exibida pela TV Tupi entre 1955 e 1959.
Segundo informações confirmadas pela assessoria do artista à revista Quem, David enfrentava desde 2017 uma doença pulmonar progressiva, identificada como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que afeta a respiração e compromete a oxigenação do corpo.
A DPOC é uma condição causada, na maioria dos casos, pela exposição prolongada à fumaça do cigarro e outras substâncias irritantes. Ela provoca inflamações e danos nos pulmões, tornando a respiração cada vez mais difícil. As formas mais conhecidas são a bronquite crônica e o enfisema pulmonar.
Mesmo com as limitações impostas pela doença, David manteve-se ativo e próximo de amigos e familiares. O ator deixa a esposa, Lígia Todescan Lessa Mattos, psicóloga, com quem era casado há décadas, além dos filhos Paulo e Luiz, e os netos Pedro e Gabriela.
O velório do artista será realizado nesta terça-feira (7), em São Paulo, das 9h às 13h, reunindo familiares, amigos e admiradores que desejam prestar a última homenagem.
Nascido em 21 de fevereiro de 1942, na capital paulista, David José começou sua trajetória artística ainda criança, aos 12 anos, no Teatro Escola de São Paulo (TESP). Com talento precoce, conquistou espaço em produções teatrais e televisivas em um período em que a TV brasileira ainda engatinhava.
Seu papel como Pedrinho, o neto destemido da Dona Benta, marcou uma geração e o colocou entre os pioneiros da dramaturgia infantil no país. Além de ator, David também se destacou como escritor e historiador, sempre interessado em refletir sobre o impacto cultural da televisão e do teatro no Brasil.
Graduado em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo), David ampliou seus estudos na França, passando pelas universidades Paris VIII e Paris X. De volta ao Brasil, concluiu o doutorado em História Social na USP e seguiu carreira acadêmica, dedicando-se à docência e à pesquisa sobre cultura e mídia.
Nos últimos anos, participou de projetos voltados à preservação da memória artística nacional, colaborando com a Cinemateca Brasileira e a TV Cultura. Suas reflexões sobre a televisão das décadas de 1940 e 1950 se tornaram referência para estudiosos e amantes da história da teledramaturgia.
Mais do que um personagem querido, David José deixou um legado de amor à arte e à educação. E é assim que o público e os colegas de profissão devem se lembrar dele: como o eterno Pedrinho do “Sítio do Picapau Amarelo”, que encantou o Brasil e ajudou a construir os alicerces da nossa cultura televisiva.
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