"Meu Ano em Oxford" pode até soar como uma adaptação direta de um romance best-seller, mas a origem da história que domina o TOP 10 da Netflix é bem diferente do que muitos imaginam. Estrelado por Sofia Carson e Corey Mylchreest, o filme foi lançado em 1º de agosto e tem como base um roteiro original, que só depois virou livro pelas mãos da autora Julia Whelan.
O longa tem como ponto de partida um roteiro escrito por Allison Burnett. Durante o desenvolvimento da história, Julia Whelan foi chamada para colaborar no projeto. No entanto, ao se envolver mais profundamente com o material, Whelan percebeu que havia ali espaço para algo mais denso, e decidiu transformar o enredo em um romance, publicado em 2018.
Anos depois, o próprio Burnett voltou ao projeto original, agora com o apoio da roteirista Melissa Osborne, e deu forma ao filme que chegou à plataforma de streaming em 2025.
Embora compartilhem o mesmo título, o filme e o livro seguem caminhos diferentes, inclusive com mudanças significativas em nomes de personagens e no desfecho da trama.
A origem do projeto foi detalhada por Julia Whelan em entrevista à revista Woman's World, em maio de 2025. Segundo ela, a ideia nasceu de um roteiro que já havia passado por várias versões até que os produtores questionaram se havia potencial para um livro.
"Nada nunca quis tanto ser um livro quanto essa história", afirmou Whelan.
Desde os primeiros rascunhos do roteiro, passaram-se 13 anos até que o filme chegasse às telas. O livro, por sua vez, foi lançado sete anos antes da estreia da adaptação.
Mas a autora faz questão de esclarecer: o longa da Netflix não é uma adaptação direta do livro.
"Não assista para ver o que mudaram... assista para ver o que eu mudei", disse Whelan em tom bem-humorado, explicando que o romance foi baseado no roteiro original, e não o contrário.
Na versão cinematográfica, Sofia Carson interpreta Anna De La Vega, uma estudante de Nova York que viaja a Oxford para fazer mestrado em poesia, antes de assumir um cargo em Wall Street.
Já no livro, a protagonista se chama Eleanor Duran. Ela é natural de Ohio, nos Estados Unidos, e está prestes a voltar ao país para trabalhar em uma campanha política.
A diferença também se estende ao passado das personagens. Enquanto Anna conta com o apoio de seus pais vivos, Eleanor perdeu o pai em um acidente de carro — fato que influencia diretamente sua forma de se relacionar.
O filme também dá mais espaço ao círculo de amizades da protagonista, com destaque para Charlie, Maggie e Tom, que adicionam leveza e humor à trama. Por outro lado, o personagem Jamie Davenport mantém uma trajetória semelhante nas duas versões, com pequenas alterações: o irmão dele, falecido em decorrência de um câncer, se chama Oliver no livro e Eddie no filme.
Não. E essa é a diferença mais marcante da obra.
Nas duas versões, o público descobre que Jamie tem um câncer raro e incurável, o mesmo que matou seu irmão. No livro, ele sobrevive a uma grave pneumonia e entra em um tratamento experimental, que prolonga sua vida o suficiente para realizar um sonho: viajar pela Europa ao lado de Eleanor. O desfecho é melancólico, porém esperançoso: eles não terminam juntos, mas o amor entre eles transforma profundamente a protagonista.
Já no filme, Jamie morre, e quem faz a viagem sonhada é Anna, agora sozinha. Após a jornada, ela decide honrar a memória de Jamie assumindo o cargo dele como professor de poesia em Oxford e espalhando a filosofia de viver intensamente, que ele acreditava.
A decisão de mudar o desfecho foi debatida até os últimos estágios da produção. Em entrevista à Entertainment Weekly, Sofia Carson, também produtora do longa, contou que o produtor Marty Bowen queria evitar a morte de Jamie e apostar em um final mais esperançoso. No entanto, após testes com o público, a equipe concluiu que o impacto emocional era muito maior com o desfecho trágico.
"A forma como ela vive o sonho dos dois e carrega a mensagem dele é muito mais poderosa do que apenas mantê-lo vivo", afirmou Corey Mylchreest.
A intenção era deixar claro que Jamie parte por decisão própria, recusando tratamentos incertos. Na visão de Carson, a última cena, com Anna sozinha mas transformada, simboliza o amor que permanece, mesmo com a perda.
Apesar das mudanças, Julia Whelan se mostrou satisfeita com a adaptação. Em entrevista ao site Bookstr, ela afirmou:
"A mensagem continua lá. O que comove as pessoas ainda está presente. E é isso que torna essa história atemporal".
Ao site SheReads, a autora destacou a diferença entre os processos criativos de um livro e de um filme:
"Escrever romances é uma atividade solitária. Já em Hollywood, é um trabalho colaborativo, com muitas visões envolvidas. Às vezes, até demais. Por isso, adaptações podem ser complicadas", afirmou.
Embora retrate experiências verossímeis em um cenário acadêmico autêntico, "Meu Ano em Oxford" não é baseado em fatos reais. A autora Julia Whelan estudou no Lincoln College, em Oxford, e incorporou suas vivências na cidade à trama, mas a narrativa é ficcional.
Segundo Whelan, o objetivo foi capturar a essência do lugar e o amadurecimento emocional da protagonista, com toques autobiográficos que ajudam a tornar a história mais vívida — mas sem se basear em eventos reais.