Maria Clara Spinelli vai fazer história na teledramaturgia brasileira quando o remake de "Elas por Elas" estrear ainda este mês na faixa das seis da Globo. A atriz será a primeira transsexual a protagonizar uma novela, dando vida a Renee (veja aqui quem foram as sete atrizes principais em 1982 e quem elas serão neste remake). Em conversa com a imprensa, nesta segunda-feira (4), Maria Clara rejeitou o rótulo de "atriz trans".
"É algo pessoal, falo por mim, sem representar as outras pessoas. Como atriz, acho que deveríamos rever esse conceito de 'atriz trans'. Quando se junta dois adjetivos, você cria um terceiro, vira outra coisa. E isso me diminui em relação às outras atrizes", apontou Maria, que viu a sucessora de "Amor Perfeito" enfrentar uma substituição no elenco de última hora.
"Eu passo a não ser uma atriz, passo a ser uma atriz trans. É um ponto de vista meu. A gente podia tentar me olhar como atriz e não como atriz trans, e acho que isso nem existe. E sei que vocês (imprensa) não fazem por mal. Talvez, façam para enaltecer o lugar, uma posição, sei que é político. Porém é mais político quando a gente coloca a transgeneridade como uma coisa, mais uma característica minha. E não algo definitivo, como algo que me defina. Nem pessoalmente, sou tantas coisas, nem artisticamente. Me considero atriz", frisou Maria Clara.
No original, sua personagem foi vivida por Maria Helena Dias, recentemente falecida.
Companheira de elenco de Alexandre Borges e com quase duas décadas de carreira, Maria Clara diz não pensar a respeito de seu pioneirismo na TV. "Estou continuando a trajetória de quem veio antes de mim e que abriram caminho, como Claudia Celeste e Rogéria (morta em 4 de setembro de 2017), que fez 'Lado a Lado' (2012, como Alzira Celeste). Estou fazendo esse trabalho com muita honra", destacou.
"Estou fazendo o meu trabalho como sempre fiz. Todas as cenas são a cena da minha vida. Faço com muito amor como fazia teatro sozinha no interior. Faço exatamente da mesma maneira e agradeço essa oportunidade de toda a equipe de terem me dado esse grande voto de confiança", continuou Maria Clara.
"Espero que seja o começo de mais uma etapa, uma nova narrativa. Que comecem a criar possibilidades para atores e atrizes que nasceram transgêneros trabalharem. Essa é a real mudança, a real inclusão", finalizou.
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