A britânica Zoë Handscomb-Edwards, de 44 anos, recebeu um diagnóstico devastador enquanto vivia o início da gestação de sua filha. Com apenas 16 semanas de gravidez, a gerente de marketing digital, que vive em Bournemouth, no sul da Inglaterra, procurou um médico para investigar um caroço na perna.
No entanto, o que seria uma simples consulta para "ter paz de espírito", acabou revelando uma condição rara e grave.
Durante uma aula de ioga, Zoë notou pela primeira vez uma massa que descreveu como “maior que uma bola de golfe”. Em entrevista ao Daily Mail, ela contou que inicialmente atribuiu o caroço a uma distensão muscular.
Mas após exames médicos, veio o diagnóstico: ela tinha um tumor de células epitelioides perivasculares — conhecido como PEComa, um tipo extremamente raro de sarcoma de tecido mole, que atinge apenas uma em cada um milhão de pessoas por ano, segundo a instituição de caridade Sarcoma UK.
"Quando um médico disse 'achamos que é um sarcoma', aquele foi o pior dia da minha vida. Foi absolutamente horrível", relatou Zoë. “Caí em prantos” ao sair do consultório, relembrou.
Aos sete meses de gravidez, Zoë foi submetida a uma cirurgia no The Royal Marsden, em Londres, para a retirada do tumor. Um mês após o nascimento da filha, Penelope, em julho de 2023, uma tomografia confirmou o pior: o câncer havia se espalhado e novos tumores voltaram a aparecer na perna.
“Na época em que eu tinha acabado de ter meu bebê, disseram que eu poderia morrer em seis meses. Disseram que eu tinha entre seis meses e dois anos de vida. Lembro-me de pensar que ia morrer e que não veria Penelope crescer", disse.
Desde então, a batalha contra a doença tem sido intensa. Segundo o GoFundMe organizado por seu marido, Rob Handscomb-Edwards, Zoë passou por quatro rodadas de radioterapia, cirurgia de substituição do quadril e tratamento hormonal. Atualmente, o casal busca alternativas experimentais, já que o câncer está em estágio 4 e é considerado incurável. A meta da campanha é arrecadar mais de US$ 46 mil para custear um ano de tratamento, grande parte não coberto pelo sistema público de saúde britânico (NHS).
Apesar da gravidade do quadro, há uma luz no horizonte. Zoë conseguiu aprovação para acesso compassivo a um medicamento experimental — o que significa que o fabricante arcará com os custos enquanto ela puder tomar o remédio. Em três meses, ela será submetida a novos exames para avaliar se o corpo está respondendo positivamente. Caso contrário, terá de buscar outra opção, que não tem acesso compassivo e deverá ser financiada por ela mesma:
“Não estou tentando encontrar uma cura. Obviamente, se meu câncer desaparecesse, seria incrível, mas todos os médicos com quem conversei disseram que é incurável. Na minha cabeça, joguei o prognóstico pela janela e estou apenas vivendo. Agosto fará dois anos e estou bem."
Além do tratamento principal, os fundos arrecadados também ajudarão a custear terapias complementares, como acupuntura, e exames adicionais para monitorar possíveis efeitos colaterais do medicamento. Nas redes sociais, Zoë revelou ainda que tem recorrido a banhos frios como forma de auxiliar o corpo durante o processo de tratamento.
No GoFundMe, Rob descreveu a dura rotina da esposa:
“Viver com câncer não é linear e há muitos altos e baixos. Uma semana Zoë poderia estar trabalhando, cuidando do jardim, brincando com Penelope... mas a semana seguinte poderia ser passada na cama, com dor, se recuperando de uma cirurgia ou lidando com os efeitos colaterais do tratamento. Acreditamos que esses medicamentos direcionados oferecem a Zoë a melhor chance de viver mais e passar mais tempo precioso com Penelope e comigo.”
A mutação genética rara no gene TFE3 torna o caso de Zoë ainda mais desafiador, dificultando o acesso a tratamentos padronizados: “Com um câncer tão raro, estamos nos aventurando no desconhecido”, relatou Rob, “e nossa maior esperança é que quanto mais Zoë puder permanecer viva, maior será a probabilidade de que tratamentos e ensaios clínicos mais inovadores possam se tornar disponíveis para ela.”