






Morto aos 80 anos nesta quinta-feira (26) após luta contra o câncer, Ney Latorraca deixou a Globo e partiu para o SBT em 1990 quando já havia feito dois grandes personagens (seu Quequé, de "Rabo de Saia", e Barbosa, da "TV Pirata"). Naquele ano, a emissora de Silvio Santos (1930-2024) manteve suas apostas no núcleo de teledramaturgia mesmo após a fracassada "Cortina de Vidro" (1989-1990), de Walcyr Carrasco.
Viria em novembro de 1990, um fiasco tão grande: "Brasileiras e Brasileiros", praticamente uma alusão à expressão usada pelo então presidente José Sarney em seus pronunciamentos à nação. Edson Celulari puxava o elenco como o miserável Totó, que ficava à frente de um grupo de mulheres que praticavam a luta livre na história de Carlos Alberto Soffredini (1939-2001).
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Entre essa lutadoras havia a personagem de Isadora Ribeiro, vista um ano antes na abertura da novela "Tieta" (1989-1990), hoje "castrada" nas palavras de seu idealizador Hans Donner. Envolvido em um mistério bizarro em "Brasileiras...", Ney deu vida ao Brás Cubas, rival de Totó (papel de Edson) e autêntico malandro.
Dirigido por Walter Avancini (1935-2001) no SBT, Ney não economizou palavras ao "Memória Globo" quando recordou a passagem pelo jeito traumática. "Fui com Avancini, que me chamou para lançar uma nova dramaturgia no SBT. Precisava alguém de nome. E fui. Voltei correndo, como um rato!", afirmou. "Brasileiras..." chegou ao fim em 14 de maio de 1991 e dois meses depois, 15 de julho, o ator retornaria à TV, em "Vamp", onde foi o vampiro conde Vlad, um papel memorável.
Em 1994, na reta final de "Éramos Seis", Ney teve nova passagem pelo SBT, agora em participação especial como o palhaço Sorriso. Era com o circo dele que um dos filhos de Zeca (Osmar Prado) e Olga (Denise Fraga) cogitou fugir. "Estou achando a novela fantástica. O tempo, o ritmo, o cuidado com os atores e com a arte são perfeitos", destacou ao "O Globo".