Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar desde 4 de agosto, pediu autorização ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para realizar no próximo domingo (14) um procedimento dermatológico em Brasília. De acordo com a CNN, a equipe médica do ex-presidente identificou um “nevo melanocítico do tronco”, pinta geralmente benigna, e uma “neoplasia de comportamento incerto”, lesão que precisa ser retirada e analisada para descartar a possibilidade de câncer.
O termo técnico nada mais é do que uma pinta. Segundo a dermatologista Dra. Jade Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP), a remoção costuma ser simples e rápida. “O procedimento depende muito do tamanho e do local da lesão. Mas pintas e lesões pequenas geralmente são retiradas sob efeito de anestesia local com bisturi ou punch dermatológico. Esse material é enviado para biópsia e a área é fechada com cola cirúrgica ou pontos de fio de sutura”, explica.
A médica alerta que, embora muitas vezes as pintas sejam inofensivas, algumas podem se confundir com câncer de pele. “Existem lesões que aparentemente podem ser benignas, mas que devem ser retiradas e biopsiadas. Por exemplo, o carcinoma basocelular pode se parecer com uma pinta benigna. Já os nevos melanocíticos atípicos podem ser difíceis de diferenciar de um melanoma”, afirma.
Por estar em prisão domiciliar, Bolsonaro só pode deixar sua casa com autorização judicial. Esta será a segunda vez que o ex-presidente sairá para atendimento médico. No dia 16 de agosto, ele já havia comparecido a um hospital para realizar exames por conta de refluxo e soluços. Aliados próximos relatam que sua saúde estaria fragilizada.
O contexto político não fica de fora: nesta terça-feira (9), o STF retoma o julgamento de Bolsonaro e outros acusados de planejar um golpe de Estado em 2022. O ex-presidente, porém, não deve acompanhar o processo presencialmente.
A coincidência chama atenção: em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também precisou retirar um nevo melanocítico. Em evento no dia 7 de abril, Lula apareceu com um curativo no supercílio.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, o curativo acima da sobrancelha de Lula foi resultado de um procedimento dermatológico simples para remover uma pinta benigna. Já o machucado na mão teria acontecido durante uma brincadeira com uma de suas cachorras, que acabou arranhando o presidente com os dentes.
De acordo com a Dra. Jade Cury, há sinais de alerta que ajudam a diferenciar uma pinta inofensiva de uma potencial ameaça. No caso do melanoma, tipo mais agressivo, vale a regra do ABCDE: assimetria, bordas irregulares, coloração variada, diâmetro maior que 6 mm e evolução da pinta. Já nos casos de câncer de pele não melanoma, como o carcinoma basocelular ou o espinocelular, é preciso atenção a feridas que não cicatrizam, sangram com facilidade ou aumentam de tamanho.
A dermatologista reforça a importância de consultas regulares: “Como o câncer de pele é um dos mais frequentes, o ideal é que todo mundo, uma vez por ano, faça um check-up da pele, mesmo sem queixas”.