Existem doramas para todos os gostos, desde as histórias super românticas até os mistérios e histórias de cura que falam com nosso coração nos momentos mais difíceis. Entre eles, 'Misaeng: Vida Incompleta' é uma obra que conversa diretamente com quem já teve que desistir de um sonho, olha para a vida adulta e pensa: "Não era isso que eu imaginei para mim".
Muita gente passa batido por Misaeng no catálogo da Netflix por achar que é "só mais um drama de escritório", como muitos outros disponíveis no catálogo da plataforma. Na verdade, ele é uma aula sobre humanidade e como precisamos nos adaptar a situações e ambientes desconhecidos, já que a vida não para e não nos dá segundas chances.
'Misaeng' gira em torno de Jang Geu-rae (Im Si-wan), que cresceu acreditando que seu futuro estava nas peças do baduk, um jogo de estratégia típico da Coreia que moldou sua vida desde a infância. Quando o sonho profissional desmorona e ele se vê sem rumo, a realidade o empurra para um cenário completamente novo: o mundo corporativo de uma grande empresa, onde seu talento não vale nada no papel. Mas é lá que ele aprende, dolorosamente, o que significa começar do zero.
Ao entrar como estagiário na One International, Geu-rae passa por poucas de boas devido à sua inexperiência. Ele não tem diploma de prestígio, não sabe usar termos corporativos e mal entende como seguir as regras da empresa. No entanto, ele tem um grande ponto positivo: a capacidade de observar e resistir, mesmo quando o ambiente pode ser brutal.
E é aí que entra Oh Sang-sik (Lee Sung-min), um chefe que, aos poucos, percebe que aquele garoto perdido leva o trabalho mais a sério do que muitos veteranos, além de ser apenas mais um que tenta não afundar e fracassar na vida adulta. Desta forma, Sang-sik ensina, protege, cobra e se torna um porto seguro para o protagonista.
Ao longo dos episódios, a série vai abrindo espaço para outras histórias, embora ainda não tenham o mesmo protagonismo. Young-yi (Kang So-ra), por exemplo, é uma profissional impecável, mas vive cercada por chefes que duvidam do trabalho dela por ser mulher. Baek-ki (Kang Ha-neul) luta para lidar com a pressão de ter sido "o aluno perfeito" a vida inteira e mesmo assim continuar inseguro, e Suk-yeol (Byun Yo-han) tenta provar que esforço também é inteligência.
Eles não começam amigos e não têm tempo para isso, já que vivem na correria frenética de um escritório sedento por bater metar. Mas, ao longo dos vinte episódios, aprendem que sobreviver à empresa exige alianças, cuidado afeto. Misaeng não romantiza o trabalho e seu ambiente tóxico, mas não deixa de mostrar o que muitos com sonhos brilhantes passam todos os dias.
'Misaeng' é um dorama lento e por vezes cansativo, mas uma de suas maiores qualidades é o fato de retratar o cotidiano com fidelidade. É impossível assistir e não pensar no próprio trabalho, nos chefes que tivemos, nas oportunidades que perdemos ou na vida que imaginamos ter, mas que nunca conseguimos tirar dos sonhos e do papel.
Ele fala com quem já sentiu que perdeu o timing da própria vida, com quem trabalha no automático, com quem tenta se encaixar onde nunca se imaginou. No final, o dorama só mostra que às vezes o primeiro passo é simplesmente continuar... mesmo sem saber onde isso vai dar.