Um vídeo gravado por câmera de segurança viralizou nas redes sociais ao mostrar um homem detonando um artefato explosivo no altar da Igreja Matriz Santo Estanislau, localizada em Itaiópolis, no Norte de Santa Catarina. O caso, ocorrido na tarde de quarta-feira (30), provocou forte reação de internautas.
A igreja, que tem mais de 100 anos e é considerada patrimônio tombado em níveis estadual e federal, teve parte de seu interior danificado pela explosão. Segundo informações da Polícia Civil, o homem já foi identificado e está sendo investigado por dano qualificado e vilipêndio a objeto de culto religioso.
As imagens mostram o suspeito entrando na igreja, indo diretamente ao altar e tentando abrir o sacrário, sem sucesso. Em seguida, ele acende um objeto com aparência de explosivo, posiciona sobre o altar, o cobre com um pano e foge correndo. Instantes depois, o artefato pega fogo e explode com um estrondo.
De acordo com o delegado Cassiano Tiburski, o local passará por perícia técnica e a polícia já trabalha para recolher imagens, arquivos originais e identificar testemunhas. Ainda segundo Tiburski, outros crimes podem ser somados à investigação conforme o avanço das apurações.
Inaugurada em 1922, a Igreja Matriz Santo Estanislau foi construída por imigrantes poloneses e é considerada a maior igreja dessa origem na América Latina. O templo foi tombado pela Fundação Catarinense de Cultura em 1998 e, em 2007, também passou a integrar o patrimônio protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A Arquidiocese de Joinville divulgou nota lamentando o ocorrido e reafirmando o valor religioso e histórico do espaço. “A referida igreja, além de ser patrimônio histórico tombado em nível estadual e federal, é também um espaço de fé, oração e encontro com Deus, que representa a tradição religiosa e cultural da comunidade local”, diz o comunicado.
A repercussão nas redes foi imediata. Frases como “misericórdia, quanto ódio gratuito” e “no mínimo, intolerância religiosa” se espalharam entre os comentários, marcados por indignação.
Usuários lembraram a simbologia sagrada do local e pediram respeito à diversidade de crenças: “Deus é um só e o respeito é a base de uma convivência saudável”.
A arquidiocese pediu que os fiéis se unam em oração e reforçou sua confiança nas autoridades: “Que a Virgem Maria interceda por todos nós, fortalecendo-nos na fé e na esperança”.
Outros comentários também chamaram atenção pela gravidade do ocorrido. "Misericórdia! Já começou assim o mês de agosto", publicou uma usuária. "O diabo anda solto", respondeu outra.
De acordo com o G1, o ato está sendo enquadrado, entre outros, no Artigo 208 do Código Penal, que trata do crime de vilipêndio a objeto de culto religioso. A pena prevista é de detenção de um mês a um ano ou multa para quem “escarnecer de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; ou vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.
O caso segue sendo investigado e reforça o debate sobre violência simbólica, intolerância e o respeito à diversidade religiosa no Brasil.
Confira abaixo o vídeo: