Jurado do "Dança dos Famosos", o dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus vem se locomovendo em cadeira de rodas após ser diagnosticado com uma doença autoimune. O artista com passagens por escolas como Mangueira e Beija-Flor, recebeu o diagnóstico de bursite trocantérica e tendinopatia dos glúteos e não segurou o choro ao recordar o início do processo, quando sofreu uma queda e precisou tomar morfina.
Ao contrário do que se imagina, esse diagnóstico não é raro entre profissionais da dança por conta dos movimentos repetidos com o quadril. "Trata-se de um processo inflamatório devido a atritos, queda, traumas ou até mesmo a realização de movimentos repetitivos e o uso excessivo do quadril, como ocorre em trabalhos que envolvem escadas, atletas amadores e até mesmo atletas profissionais, principalmente quando não há um alongamento e um fortalecimento adequado dessa região", explicou o ortopedista dr. Fernando Jorge.
No caso de Carlinhos, houve a inflamação das bursas, que nada mais são do que bolsas localizadas acima do trocanter e cheias de líquido. O trocanter por sua vez é uma região mais acentuada próxima ao quadril e na parte de cima do fêmur. "Essas 'bolsinhas' têm a função de diminuir o atrito do osso sobre o tendão e os músculos. Precisamente no trocanter maior, nós temos essas bursas evitando que os tendões e músculos entrem em atrito, o que favorece uma mecânica melhor da região do quadril", acrescentou o médico.
Em relação à tendinite, a inflamação atingiu os glúteos médio e mínimo e pode ter sido provocada tanto por uso excessivo dos tendões quanto por fatores degenerativos. E há o risco de se evoluir para algo mais grave: a tendinopatia (a degeneração da área) e tendionse (processo de necrose dos tendões inflamados e que até podem sofrer rompimento).
Além dos medicamentos, é importante recorrer à fisioterapia. E o especialista alerta: "É importante ressaltar que não é um tratamento rápido. É de médio a longo prazo. Mas tem que ser realizado, pois a dor incomoda muito e limita a função do quadril". Já o professor de ortopedia do Centro Universitário Afya Itaperuna (RJ) dr. Pedro Pillar aponta que a bursite trocantérica e tendinopatia dos glúteos são mais observadas em mulheres na faixa dos 40 a 60 anos e na maioria dos casos sedentárias.
Segundo ele, raramente se apela à cirurgia. E para se chegar à operação o paciente precisa estar convivendo com dor persistente por mais de seis meses e que tenha rompido os tendões, sendo isso comprovado através de exames de imagens. "Os procedimentos podem incluir desde a remoção da bursa inflamada até o reparo do tendão glúteo médio ou mínimo. Nesses casos, a recuperação é lenta. O retorno às atividades leves geralmente acontece em quatro a seis semanas, com fortalecimento contínuo por até seis meses"
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