Depois de quase uma década longe do cinema, Kathryn Bigelow retorna com 'Casa de Dinamite', um filme intenso e avassalador que coloca o espectador em uma corrida contra o tempo. A diretora vencedora do Oscar ousou ao retratar uma trama que acompanha 18 minutos de puro desespero quando um míssil nuclear é lançado em direção aos Estados Unidos, e uma equipe de oficiais do governo precisa agir rapidamente para evitar o pior.
A história de 'Casa de Dinamite' se divide em três capítulos, cada um mostrando os mesmos 18 minutos sob um ponto de vista diferente: o da Sala de Situação da Casa Branca, o do Comando Estratégico das Forças Armadas (STRATCOM) e o do presidente dos Estados Unidos, interpretado por Idris Elba.
O filme começa com uma manhã aparentemente normal. No Alasca, o major Daniel Gonzalez (Anthony Ramos) inicia o expediente em Fort Greely, enquanto a capitã Olivia Walker (Rebecca Ferguson) acompanha as atualizações do dia na Casa Branca. Tudo muda quando os radares detectam um míssil balístico intercontinental (ou seja, que vem de outro continente) não identificado.
A princípio, os oficiais acreditam que se trata de um teste de rotina, mas logo percebem que a trajetória da arma está direcionada ao território americano, mais especificamente, para Chicago. A partir desse momento, o clima de urgência domina o filme e nos leva a uma jornada desesperadora.
A comunicação entre as bases militares e o governo é confusa, as informações se contradizem e as decisões precisam ser tomadas com base em poucos dados concretos.
Assim que a ameaça é confirmada, Gonzalez e sua equipe entram em ação. O batalhão lança dois interceptores terrestres (GBIs) na tentativa de neutralizar o míssil antes que ele atinja o país. Na Casa Branca, Walker e o almirante Mark Miller (Jason Clarke) tentam manter a calma, acreditando que a interceptação vai funcionar, mesmo sabendo que a taxa de sucesso desse tipo de operação é de apenas 50%.
No entanto, no segundo ato, intitulado 'Acertando uma bala com outra bala', tudo dá errado. O primeiro GBI apresenta falha técnica e cai de volta à Terra. O segundo chega a alcançar o míssil, mas erra o alvo. A falha deixa o batalhão devastado, e a sensação de impotência toma conta da equipe.
Enquanto alguns soldados ligam para suas famílias para se despedir, Gonzalez sai da base desnorteado e cai de joelhos na neve, completamente abalado e com a certeza de que sua vida acabou ali.
Paralelamente, em Washington, o Secretário de Defesa Reid Baker (Jared Harris) enfrenta uma crise pessoal. Ainda de luto pela morte da esposa, ele perde o foco da operação ao descobrir que sua filha, interpretada por Kaitlyn Dever, vive em Chicago, que é justamente a cidade sob ameaça.
Tomado pelo desespero, Baker tenta entrar em contato com ela enquanto o resto do governo busca soluções para conter o ataque. Sua distração durante a emergência acaba mudando suas prioridades, e ele abandona suas responsabilidades para tentar salvá-la. Já no último capítulo, chamado 'Uma casa cheia de dinamite', Baker finalmente consegue falar com a filha.
Ela não dá muita bola e se despede, sem saber o que está prestes a acontecer. Após a conversa, o secretário caminha até o topo de um prédio, onde um helicóptero o espera para levá-lo a um bunker seguro chamado Raven Rock, na Pensilvânia. No entanto, em vez de embarcar, ele se aproxima da borda e se atira do telhado, tirando a própria vida.
Nos momentos finais de 'Casa de Dinamite', o foco muda para o presidente dos Estados Unidos, que até então aparecia apenas por voz nas comunicações com o governo. O personagem, vivido por Idris Elba, é visto participando de um evento beneficente em uma quadra de basquete quando é informado da situação. Ele é rapidamente retirado do local pelo Serviço Secreto e levado para o avião presidencial, o Air Force One.
Durante o voo, o tenente-comandante Robert Reeves (Jonah Hauer-King) entrega ao presidente a famosa Mala Preta', que contém os códigos e protocolos de lançamento nuclear. Ele precisa escolher entre autorizar uma retaliação imediata ou não reagir, correndo o risco de deixar o país vulnerável a novos ataques.
Enquanto fala ao telefone com o comando militar, o presidente começa a recitar o código de verificação necessário para lançar um míssil de resposta. O ambiente é silencioso e tenso, enquanto do outro lado da linha todos aguardam sua decisão. Mas o que ninguém esperava acontece: o filme corta antes que ele finalize a leitura do código.
O filme termina de forma ambígua e sem conclusões, com mais perguntas do que respostas. Chicago foi atingida pelo míssil? Os Estados Unidos fizeram uma retaliação enviando outra bomba como resposta? Ou a equipe de Segurança de Estado conseguiu interceptar o ataque?
Por fim, 'Casa de Dinamite' acabou dividindo opiniões nas redes sociais. O motivo, claro, é pelo final sem nenhuma explicação ou pista do que aconteceu, e muito menos de onde o míssil veio. Para a Netflix, a diretora Kathryn Bigelow disse que o motivo do corte foi justamente para provocar discussões sobre
"Quero que o público saia dos cinemas pensando: 'Certo, e agora?' Este é um problema global e, claro, tenho uma pequena esperança de que talvez um dia consigamos reduzir o arsenal nuclear", disse. Já de acordo com o roteirista Noah Oppenheim, a decisão do presidente não é o foco do filme, e também serve como ponto para discussão.
"Tenho respostas em mente para ambas as perguntas, mas elas não são relevantes para os problemas que estamos tentando levantar. A primeira [questão] é: uma única pessoa deveria ter o poder de decidir o destino de toda a humanidade, com pouca preparação e apenas alguns minutos para decidir, enquanto simultaneamente foge para salvar a própria vida? Isso já deveria ser suficientemente assustador, independentemente do que aconteça depois", explicou.
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