Belém na mira do mundo! A cidade paraense foi escolhida como sede da COP30, a conferência global da ONU sobre mudanças climáticas, que acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. Mas, a menos de quatro meses do evento, o que deveria ser um marco para a região amazônica virou motivo de dor de cabeça para o governo brasileiro.
Durante reunião preparatória em Bonn na Alemanha, diplomatas alertaram para a falta de hospedagem em Belém, segundo o UOL. A Secretaria Nacional do Consumidor, ligada ao Ministério da Justiça, notificou 23 hotéis por preços abusivos, conforme revelou o portal Pará Terra Boa.
E é nesse cenário polêmico que surge uma alternativa no mínimo curiosa: motéis com pole dance, luzes vermelhas e suítes temáticas estão se reinventando e cobrando valores dignos de resorts de luxo à la "White Lotus", em referência à série da HBO que satiriza o turismo de alto padrão, para receber diplomatas e autoridades internacionais. Sim, a COP30 pode ter mastro de dança e banheira em formato de coração. E os detalhes você confere a seguir.
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), confirmou que os preços praticados pelos hotéis em Belém do Pará chegaram a subir até 10 vezes acima do valor normal. A situação é tão grave que países em desenvolvimento, especialmente da África, ameaçaram deixar de participar do evento.
"Na maioria das cidades onde as COPs aconteceram, os hotéis passaram a pedir o dobro ou o triplo do valor. No caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de 10 vezes os valores normais", disse Corrêa do Lago.
O diplomata afirmou que a situação causou indignação nas delegações mais vulneráveis, que já enfrentam limitações financeiras para participar de cúpulas internacionais. "Os países de menor desenvolvimento relativo estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos, abusivos", reforçou.
Diante do caos na rede hoteleira, motéis de Belém passaram a se adaptar para hospedar visitantes da COP30. A reportagem de Ana Ionova, do The New York Times, revelou que diversos estabelecimentos com fama de encontros casuais e decoração sensual estão reformando seus quartos para atrair diplomatas, cientistas e ativistas ambientais.
Yorann Costa, proprietário do Motel Secreto, declarou: "Estamos tirando qualquer coisa muito erótica dos quartos. E a localização é perfeita". Na prática, isso significa beliches no lugar de camas redondas, banheiras em formato de coração mantidas por motivos econômicos e, em alguns casos, mastros de pole dance ainda presentes.
No Love Lomas e no Fit Motel, as reformas envolvem pintura nova, lençóis brancos, retirada de "cadeiras eróticas" e reconfiguração dos ambientes. Mesmo assim, segundo Costa, "tem que pensar no pós-COP30. Não posso gastar uma fortuna e arrancar tudo".
Mesmo com a mudança de perfil dos hóspedes, os valores não seguem exatamente o espírito da solidariedade climática. Enquanto casais paraenses costumam pagar entre R$ 55 e R$ 195 pela primeira hora, a expectativa para novembro é que suítes cheguem a US$ 650 (R$ 3.640) por noite.
Ricardo Teixeira, administrador de dois motéis e diretor regional da Associação Brasileira de Motéis, justificou: "O mercado está definindo esses preços. E ainda é mais barato que um hotel".
Na mesma região, hotéis três estrelas cobram diárias de até R$ 7.000, segundo sites de reserva, o que alimenta o desequilíbrio. Jeimison Louseiro, gerente de um hotel próximo ao centro de convenções, afirmou: "A demanda está insana. Meu senhorio pediu o apartamento de volta para alugá-lo durante a COP".
A pressão por soluções alternativas levou o governo brasileiro a anunciar dois navios de cruzeiro que funcionarão como hotéis flutuantes, com 6 mil leitos a preços subsidiados. Escolas, clubes e casas particulares também estão sendo adaptados, mas a cidade ainda está longe da meta de 50 mil leitos.
André Godinho, representante de Belém na organização do evento, foi direto: "A possibilidade de um motel ser usado como hospedagem não é feia, não é errada. É parte da solução".
A COP30 é a primeira cúpula climática da ONU realizada na Amazônia e marca o início de um ciclo que vai até 2035, com foco nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). "A Cúpula vai nos mostrar o quão perto ou longe estamos do limite de 1,5 ºC de aumento na temperatura global", disse Corrêa do Lago.
Apesar do esforço para "deserotizar" os motéis, muitas embaixadas resistem à ideia de se hospedar em locais com papel de parede de oncinha, mastros de dança e luzes vermelhas piscando.
Giselle Robledo, corretora local, explicou: "As embaixadas são bem conservadoras. Não querem ficar em motel". A baixa adesão internacional aos motéis até agora reflete não apenas questões de imagem, mas também os preços considerados irreais até mesmo para os padrões de grandes conferências.
Em visita recente do The New York Times, barulhos de gemidos, móveis sugestivos e quadros sensuais ainda eram encontrados nos corredores. Costa admite que há situações constrangedoras: "Pode ficar um pouco constrangedor. Tem gente fazendo amor", disse, entre risos.
Com a crise instaurada e menos de quatro meses para o evento, o desafio agora é conter os danos à imagem do Brasil como anfitrião de uma das cúpulas mais importantes da agenda climática mundial.
Antes mesmo da COP30, Belém já está no radar internacional com o anúncio do show de Mariah Carey, confirmado para o dia 17 de setembro durante o evento Amazônia Para Sempre. A apresentação acontecerá sobre uma plataforma flutuante no Rio Guamá, em um palco em formato de vitória-régia, símbolo da região. A iniciativa, idealizada pelos mesmos criadores do Rock in Rio e The Town, busca valorizar a cultura amazônica e funcionar como um “esquenta” para a COP30.
Em entrevista ao Fantástico, Mariah afirmou estar animada, mas confessou: "É um pouquinho assustador, estar no meio do rio... não sei o que pode surgir." O festival também contará com nomes locais como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara, reforçando o protagonismo paraense nos grandes eventos de 2025.
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