
Em meio a tantos lançamentos semanais na Netflix, muitas histórias podem passar despercebidas para muita gente. Este é o caso do dorama 'A Caminho do Céu' (cujo título original é 'Move to Heaven'), que chegou à plataforma de streaming em 2021, há quase 4 anos, e até hoje muita gente não conhece.
Com 10 episódios muito bem desenvolvidos [melhor ainda da metade para o final], podemos cravar, sem medo, que o dorama 'A Caminho do Céu' entrega uma das histórias mais sensíveis e comoventes dos últimos anos. Tudo isso sem depender de clichês básicos, galãs descamisados ou beijos quentes, mas recorrendo a muita sensibilidade.
'A Caminho do Céu' gira em torno de Geu-ru (Tang Jun-sang), um jovem diagnosticado com Síndrome de Asperger - condição englobada no Transtorno do Espectro Autista -, que trabalha com o pai em uma empresa muito peculiar. Eles são "organizadores de luto". O serviço, que leva o mesmo nome do dorama, é responsável por limpar os pertences de pessoas que morreram.

Mas Geu-ru e seu pai fazem muito mais do que apenas limpar ambientes deixados por falecidos. Eles respeitam suas histórias e o que cada objeto contou durante sua vida, sendo ela longa ou curta demais, sempre guardando itens importantes em caixas e deixando com algum ente querido.
Mas tudo muda quando o pai de Geu-ru morre subitamente, e ele precisa lidar com a perda mais dolorosa da sua vida. Sem ninguém próximo para cuidar dele, o garoto é deixado aos cuidados de seu tio Sang-gu (Lee Je-hoon), um ex-presidiário e boxeador que jamais imaginou ter que cuidar de um sobrinho autista.
A relação entre os dois começa tensa, repleta de desencontros e desconfiança, mas aos poucos vai se transformando em uma jornada lindíssima com uma conexão pura, cheia de empatia e, claro, cura para ambos.

'A Caminho do Céu' não foi um daqueles doramas que morou no TOP 10 da Netflix, talvez por não ser uma história convencional, mas é daqueles que você começa a assistir e já se apega nos primeiros minutos do primeiro episódio - além de ser uma história que pode ajudar muitas mães de autistas a entender e confortar seus filhos adolescentes.
O dorama mistura o peso do luto com momentos de ternura, constrói personagens complexos e, acima de tudo, humaniza a dor tanto dos personagens principais quanto dos que se vão ao longo da história. Cada episódio traz novas histórias e constrói a maturidade de seus protagonistas através dos ocorridos da vida cotidiana.
O roteiro é delicado, mas o ponto alto de 'A Caminho do Céu' é a atuação de Tang Jun-sang, que é um espetáculo à parte. O jovem ator interpreta Geu-ru com uma sensibilidade tão autêntica que é impossível não se comover. Sem forçar caricaturas ou estereótipos, ele constrói um personagem profundo, super inteligente e delicado. O famoso 'dá vontade guardar em um potinho'.

Em vez de cenas barulhentas ou diálogos expressivos, o dorama aposta na simplicidade das emoções: uma carta esquecida, um objeto inesperado, a emoção do último adeus... tudo isso se faz presente enquanto a história te dá importantes lições de vida envolvendo o amor verdadeiro, a coragem e o limite no mundo moderno - no trabalho e por dinheiro.
E sim, você provavelmente vai chorar em 'A Caminho do Céu'. Não por tristeza, necessariamente, mas por reconhecer, em cada história, algo que pode te trazer experiências vividas em sua própria vida. Neste dorama, aprendemos que ter amado e sido amado é o mais importante da vida.