A tão aguardada reta final do remake de ‘Vale Tudo’, que termina nesta sexta-feira, 17, se tornou um fenômeno nas redes sociais, assim como em faturamento para a Globo. No entanto, o que se esperava de um encerramento à altura de uma das maiores novelas da história da emissora, acabou encontrando uma sucessão de erros.
Do roteiro apressado às falhas técnicas, a novela de Manuela Dias deixa lições importantes sobre o perigo de mexer em um clássico sem o cuidado necessário. O Purepeople lista os 7 principais erros de ‘Vale Tudo’!
Fazia tempo que a Globo não cometia tantos deslizes técnicos em uma novela das nove. Os erros de continuidade foram tão evidentes que viraram piadas prontas.
Um dos mais comentados foi o do enterro de Rubinho (Julio Andrade), ainda no início da trama. Raquel (Taís Araujo) joga uma margarida branca no caixão e, no corte seguinte, o que aparece é uma rosa-vermelha.
Outro momento hilário aconteceu com Afonso (Humberto Carrão), que, durante uma chamada de vídeo da ultrassonografia dos filhos de Solange (Alice Wegmann), surge com nada menos que três mãos segurando o celular.
O crescimento de Raquel por meio da Paladar era previsível, assim como ocorreu na versão de 1988, mas o declínio repentino da heroína, que voltou a vender sanduíches nas ruas, soou forçado e incoerente. Pior: logo depois, a personagem retomou o sucesso como se nada tivesse acontecido. Essa oscilação constante transformou uma trajetória inspiradora em um roteiro sem norte.
É triste ver Taís Araujo repetir o drama de ‘Viver a Vida’. Mais uma vez, a atriz começou como protagonista e terminou como coadjuvante da própria história, embora os efeitos sejam menos dolorosos do que na novela de Manoel Carlos.
Na reta final, Raquel perdeu completamente o protagonismo para Odete Roitman (Débora Bloch), que brilhou merecidamente, mas ofuscou tudo e todos. As homenagens à vilã clássica em programas como Domingão do Huck e Conversa com Bial virou um lembrete amargo de como a Globo desperdiçou o talento de Taís.
O sucesso comercial da novela é inegável, mas o excesso de merchandising beirou o constrangimento. O exemplo mais citado foi a cena em que Solange (Alice Wegmann) fala animadamente sobre lavar roupa de forma sustentável enquanto Afonso enfrenta o drama da leucemia. Um contraste que tirou o público da emoção e mergulhou a cena no ridículo.
Laís (Lorena Lima), Cecília (Maeve Jinkings) e Sarita (Luara Telles) formavam um trio promissor, mas o roteiro nunca soube o que fazer com elas. Temas como relacionamento homoafetivo maduro e adoção poderiam render muito, mas foram tratados de forma superficial, quase infantilizados.
No fim, o suposto drama do falso pai de Sarita surgiu e sumiu em poucos capítulos, sem causar impacto algum.
Bella Campos até trouxe carisma e uma dose de humor à sua Maria de Fátima, mas faltou profundidade. Em cenas de raiva, tristeza ou confronto, a atriz não convenceu. Ficou a sensação de que a vilãzinha precisava de uma intérprete com mais experiência para dar conta das nuances da personagem.
Manuela Dias tentou atualizar ‘Vale Tudo’ com pautas contemporâneas, mas pecou pela superficialidade. A assexualidade de Poliana (Matheus Nachtergaele) e Marieta (Cacá Ottoni), por exemplo, surgiu como um tema relevante na TV, mas foi tratada de forma rasa.
Já o diagnóstico de leucemia de Afonso veio às pressas, sem o peso emocional necessário, um contraste gritante com o tratamento sensível que Manoel Carlos deu à doença de Camila em 'Laços de Família'.
Com tantos tropeços, a novela das nove da Globo termina como um sucesso de repercussão, mas um fracasso de execução. A Globo acertou ao trazer o clássico de volta, mas deveria ter lembrado que mexer com um ícone exige mais que boas intenções, exige cuidado, coerência e, acima de tudo, respeito à inteligência do público.