A novela 'A Viagem', reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, chegou no momento trágico em que Alexandre (Guilherme Fontes) morre e vaga no Vale dos Suicidas.
Quem acompanhou a novela de 1994, percebeu que o local onde o irmão de Diná (Christiane Torloni) 'vive' após sua passagem na Terra é triste, melancólico e sofrido. Mas, na realidade, existe o Vale dos Suicidas?
Conforme Samuel Magalhães, pesquisador da Federação Espírita Brasileira, o Vale dos Suicidas, cujo termo é umbral, corresponde a uma região de transição para a passagem do espírito que não evoluiu completamente.
Na visão espírita, o umbral é apenas uma passagem, e não um inferno, como metaforicamente se fala. À medida que o espírito evoluiu, ele alcança outras moradias. Na novela da Globo, Diná (Cristiane Torloni) e Otávio (Antônio Fagundes) foram encaminhados para outro plano espiritual cheio de luz.
Para desenvolver o folhetim, a autora Ivani Ribeiro chegou a consultar Chico Xavier para construir o ambiente obscuro. Segundo a crença, o umbral é onde o espírito de André Luiz, inicialmente, após a morte, foi parar. O médico sanitarista, que viveu no Rio de Janeiro entre o final do século XIX e o começo do século XX, foi considerado um dos espíritos que davam comunicação ao médium brasileiro.
Vale ressaltar que um livro que o espiritismo diz ter sido psicografado por Chico Xavier relata a história de André, servindo de base para a criação do filme homônimo 'Nosso Lar'. Logo, a novelista se inspirou no suposto relato do espírito para construir a trajetória de Alexandre.
Conforme o espiritismo, André era um suicida devido às suas atitudes quando estava encarnado, levando-o à morte precocemente. A crença diz que André ficou no umbral por oito anos, acompanhado de espíritos com vibrações inferiores que o atormentavam.
Na época, Ivani ouviu de Chico Xavier que ela deveria escrever uma nova história quando fez 'A Viagem' e não adaptar obras espíritas que já existiam.
Por conta disso, o folhetim aborda algumas situações, mas todas lúdicas para fugir da completa ‘realidade’ e não impressionar o público. Para isso, Ivani contou com a ajuda do professor espírita Herculano Pires.