





O médium e líder religioso Divaldo Franco, um dos maiores nomes do espiritismo no Brasil, morreu na noite desta terça-feira (13), aos 98 anos, em Salvador. Considerado sucessor espiritual de Chico Xavier, Divaldo lutava contra um câncer na bexiga desde novembro de 2024 e faleceu em casa, na sede da Mansão do Caminho, após sofrer falência múltipla dos órgãos. O óbito foi constatado às 21h45.
O velório acontece nesta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no ginásio da Mansão do Caminho, com entrada aberta ao público. A pedido do próprio médium, as cerimônias serão discretas: o caixão permanecerá fechado e não haverá cortejo. O sepultamento está marcado para quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.
A morte de Divaldo Franco rapidamente tomou conta das redes sociais, gerando comoção entre seus admiradores. Muitos internautas citaram a figura de Chico Xavier, com quem Divaldo é frequentemente associado.
“Hoje houve uma explosão de Luz no Céu com o encontro de Divaldo Franco e Chico Xavier!”, escreveu um usuário. “Que o grande Chico Xavier esteja lhe guiando nesta nova jornada no plano astral”, comentou outro. Houve também quem destacasse o legado social do médium: “Discordo radicalmente das opiniões políticas dele, mas sua obra assistencial e importância para o espiritismo são INQUESTIONÁVEIS.”
Nascido em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana (BA), Divaldo Franco foi o caçula de 12 irmãos. Desenvolveu a mediunidade ainda na infância, embora tenha enfrentado resistência e punições da família, que interpretava suas visões como algo demoníaco.
Em 1947, fundou com o amigo Nilson de Souza Pereira o Centro Espírita Caminho da Redenção. Anos depois, em 1952, criou a Mansão do Caminho, em Salvador, que se tornou um dos maiores centros filantrópicos do país. A instituição hoje atende mais de cinco mil pessoas por dia, oferecendo educação, serviços de saúde, cursos profissionalizantes e apoio a famílias em situação de vulnerabilidade.
Divaldo Franco foi autor de mais de 260 livros — muitos psicografados — e teve suas obras traduzidas para 17 idiomas. Vendeu mais de sete milhões de exemplares e protagonizou mais de 20 mil conferências em 71 países. A figura do espírito Joanna de Ângelis foi presença constante em seus escritos, incluindo a famosa Série Psicológica, que aproxima o espiritismo de conceitos da psicologia moderna.
Em 2019, sua história foi retratada no cinema com o filme Divaldo – O Mensageiro da Paz, estrelado por Guilherme Lobo.
Apesar de não ter filhos biológicos, Divaldo acolheu e criou cerca de 685 pessoas ao longo da vida. Nos últimos anos, suas manifestações políticas conservadoras, como o apoio a Jair Bolsonaro e a defesa dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, geraram críticas de setores progressistas do espiritismo.
Ainda assim, sua trajetória humanitária, marcada pela caridade, educação e divulgação da doutrina espírita, permanece como seu maior legado. “Meu coração torce e tenho certeza que esse reencontro com Chico irá acontecer. Obrigado por tudo”, sintetizou um internauta em tom de despedida.