A quinta temporada de "Emily em Paris" estreou nesta quinta-feira (18), na Netflix, e, como já era esperado, Emily Cooper, interpretada por Lily Collins, segue vivendo uma rotina glamourosa e caótica, agora em Roma, na filial italiana da Agence Grateau. A personagem continua cercada por cenários deslumbrantes, looks ousados e decisões questionáveis que, mais uma vez, colocam seu nome no centro das discussões.
Muito antes da estreia da nova temporada, já não era difícil encontrar comentários ácidos nas redes sociais questionando o comportamento da personagem. Esse desconforto não é novo e acompanha a série desde a primeira temporada, quando Emily chegou a Paris e incomodou franceses, críticos e parte do público. Mas, como diria o meme da cantora Melody, “fale bem ou fale mal, mas fale de mim”. Emily parece seguir esse script.
Desde o início, Emily foi construída como uma personagem que divide opiniões. Para alguns, ela é carismática, otimista e inspiradora. Para outros, é invasiva, superficial e pouco sensível às culturas que atravessa. Essa ambiguidade, longe de enfraquecer a série, parece ser um dos pilares de seu sucesso.
O impacto de Emily foi além do entretenimento. Reportagem do Daily Mail revelou que moradores de Paris chegaram a pichar fachadas de locais usados como cenário da série com frases hostis, como “Emily f**k off” e “Emily Não Bem-Vinda”. Já o jornal francês Le Monde publicou um editorial com o título “Eles acham que são donos do bairro! Emily em Paris, uma vizinha invasiva”, refletindo o incômodo com o turismo excessivo.
De acordo com a mesma reportagem, a onda de visitantes atraídos pela imagem idealizada da cidade acabou despertando um fenômeno conhecido como “Síndrome de Paris”. O termo é usado para descrever a frustração sentida por turistas que chegam à capital francesa carregando expectativas irreais, construídas a partir de filmes, livros e séries que vendem uma Paris romantizada, muito distante do cotidiano real da cidade.
A própria estética da produção ajuda a alimentar esse debate. A moda exagerada, muitas vezes considerada “absurda”, se tornou parte da identidade da personagem e da narrativa.
Em entrevista à People, a figurinista Marylin Fitoussi deixou claro que não se abala com as críticas. Nas duas primeiras temporadas, ela trabalhou ao lado de Patricia Field, figurinista consagrada por seu trabalho em Sex and the City, antes de assumir sozinha o comando do figurino da série.
“Muitas vezes levamos a moda muito a sério. O humor é importante; vista-se com um pouco de humor e você pode ir longe", afirmou. Em outra fala que ajuda a entender o espírito da série, reforçou que está “focando apenas no que acho certo, diferente e interessante”, independentemente do que o público comenta.
Segundo Fitoussi, “a moda evolui com a trama” e “a história guia isso”. Ou seja, os looks de Emily não existem isoladamente, mas acompanham suas transformações pessoais, profissionais e emocionais.
A figurinista também foi direta ao afirmar que “a moda é política; carrega uma mensagem, ideias”. Para ela, a roupa “diz quem você é e com o que sonha, é sua apresentação ao mundo”. Por isso, sua intenção nunca foi criar algo “fofo, politicamente correto ou perfeito”, mas sim algo que provoque e estimule novas leituras, como destacou à People
Mesmo cercada de polêmicas, Emily segue sendo uma vitrine poderosa. A marca italiana FENDI lançou uma coleção cápsula exclusiva inspirada na série e ampliou sua presença na quinta temporada. Um sinal claro de que, gostem ou não, a personagem movimenta moda, turismo e consumo.
No fim das contas, Emily Cooper talvez nunca tenha sido pensada para ser unanimidade. Ela provoca, exagera, erra e incomoda, mas também sustenta conversas, memes, editoriais e parcerias milionárias. Difícil de defender? Para muitos, sim. Mas ignorar, definitivamente, não é uma opção.
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