Na novela "Vale Tudo", exibida na TV Globo, a personagem Celina, interpretada por Malu Galli, usa peças com motivos étnicos, que teria acumulado em suas inúmeras viagens pelo mundo e aparece frequentemente com imponentes braceletes da joalheria Tiffany & Co. assinada por Elsa Peretti.
À primeira vista, os acessórios, que também são os favoritos da cantora Dua Lipa, podem parecer apenas itens de alto luxo mas, como apontado por uma teoria publicada por um usuário, no Threads, essas joias carregam um significado oculto e profundo sobre a personagem.
"Bonitos, caros, mas fechados, sem abertura visível — como uma corrente que não se quebra. É a prisão silenciosa disfarçada de elegância."
É assim que o autor da teoria, Fabrício Horta, resume a simbologia das pulseiras de prata. Para ele, os braceletes são mais do que adornos: representam a submissão de Celina ao controle da irmã, Odete Roitman, interpretada por Debora Bloch na nova versão.
Na trama, Celina raramente impõe sua vontade. É contida, doce e sempre mediadora, atuando como contraponto à frieza da irmã. Os braceletes, segundo a análise, reforçam essa passividade com sua rigidez simbólica. Estão sempre ali, firmes no braço, como algemas que mantêm a personagem presa ao papel que lhe foi imposto. "Não são adornos: são o símbolo físico do controle e da submissão travestida de status", afirma o autor.
Os acessórios usados por Celina não são criações fictícias. As peças, feitas de prata de lei e também disponíveis na versão em ouro amarelo 18k, são assinadas pela renomada designer italiana Elsa Peretti para a Tiffany & Co. A personagem combina dois braceletes distintos — ambos de prata — nos dois braços, alternando entre formas curvas e modelos com recorte.
Os valores impressionam: R$ 15.250 para a versão simples em prata, R$ 20.350 para o modelo com recorte, R$ 181 mil para a versão em ouro e impressionantes R$ 292 mil para a variação em ouro com design recortado.
Para o criador da teoria, até a escolha do material carrega um simbolismo. Segundo ele, a prata está ligada ao feminino, à lua e à receptividade. Mas, em Celina, ela vira passividade forçada. "Seu brilho não ilumina — reflete o mundo de Odete. É o luxo que sufoca, a prisão que se veste de glamour."
Ele ainda é categórico: "Se um dia Celina tirar os braceletes, talvez seja o seu grito silencioso de liberdade."
Nos comentários da postagem, um internauta sugere que a inspiração visual de Celina tenha vindo da elegante Patrícia Carta, ex-diretora da edição brasileira da Vogue (2003–2010) e atual diretora da Harper's Bazaar Brasil.
A figurinista do remake, Marie Salles, confirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que a estética de Celina foi pensada para traduzir o conceito de "quiet luxury", termo que define o luxo sutil, sem ostentação aparente, mas de altíssimo valor reconhecível por quem conhece.
"Nas novelas, tem uma visão estereotipada do rico, que tem corrimões dourados, pias de ouro, aquela coisa da fantasia. No caso dos Roitman, queríamos mostrar um outro lado, o da elite que não quer ser vista", disse Salles, que contou com a consultoria do jornalista Bruno Astuto.
Astuto destacou que esse luxo discreto pode ser visto em marcas como Hermès, com bolsas acima de R$ 1 milhão, e Brunello Cucinelli, cujos suéteres de cashmere chegam a R$ 21 mil.