O novo rosto de Anitta voltou a ser assunto nas redes sociais. Após um período afastada para tratar uma infecção bacteriana, a cantora reapareceu com traços faciais visivelmente diferentes, o que reacendeu a curiosidade do público e gerou especulações sobre novos procedimentos estéticos. Internautas brincaram, elogiaram e também questionaram o fato de ela estar "irreconhecível".
Segundo o jornal O Globo, a artista já soma mais de 50 intervenções estéticas ao longo da carreira. Entre os procedimentos confirmados estão rinoplastia, ninfoplastia, redução e troca de próteses de silicone, lipoaspiração, além do uso de preenchedores, harmonização facial, lifting de vampiro (plasma rico em plaquetas) e terapias com laser e ultrassom. Recentemente, ela também removeu uma veia da testa que a incomodava visualmente.
Diante da transformação radical e frequente de Anitta, a discussão vai além da estética. Afinal, qual é o limite saudável para intervenções em mulheres jovens? Para a dermatologista Marcella Alves, da Onne Clinic (RJ), esse grupo (especialmente entre os 25 e 35 anos) merece atenção especial.
“Essa faixa etária costuma ser mais vulnerável às pressões estéticas, principalmente por causa das redes sociais e da cultura da comparação. São mulheres que ainda estão construindo sua identidade e, muitas vezes, buscam procedimentos como forma de pertencimento ou validação”, explica a médica.
A especialista aponta sinais claros de alerta, comuns no consultório: insatisfação constante, troca recorrente de profissionais, desejo por resultados irreais (como fotos filtradas) e realização de procedimentos em excesso, sem tempo adequado de recuperação ou real indicação médica.
Embora a busca pela beleza mais natural esteja em alta, o excesso de intervenções pode ter efeitos irreversíveis, segundo Marcella. Ela destaca riscos físicos sérios quando se ultrapassa a marca de 40 ou 50 procedimentos em um curto intervalo.
“Do ponto de vista físico, há riscos como fibroses, reações tardias aos produtos, acúmulo em pontos indesejados, perda de mobilidade facial, inflamações crônicas e até complicações vasculares. Além disso, o tecido perde sua naturalidade — o que vai na contramão do que muitos realmente desejam: parecer bem, mas com leveza e autenticidade", pontua.
Marcella defende uma estética mais consciente e responsável, baseada em escuta ativa e planejamento individualizado. Para ela, o papel do profissional é orientar e frear os excessos: “Cada rosto tem uma história, uma genética, uma rotina — e o mais importante é respeitar isso. Gosto de construir um plano que inclui saúde da pele, prevenção e pequenas intervenções que respeitam a harmonia natural. A meta não é se transformar, é cuidar — de dentro para fora".
A trajetória de Anitta, que já declarou ter sofrido com críticas após cirurgias e preenchimentos, ajuda a ilustrar como a linha entre vaidade e compulsão pode se tornar tênue. Ela mesma já afirmou que “quase entrou em depressão” após ser massacrada por mudanças na aparência, mas que hoje encara com mais leveza.
Ainda assim, o caso da cantora levanta um debate necessário sobre os limites físicos e emocionais das intervenções estéticas, principalmente entre mulheres jovens expostas a padrões irreais. Como pontua a especialista, não se trata de condenar o bisturi, mas de entender quando ele vira armadilha em vez de solução.
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