
Uma disputa silenciosa, recheada de vaidade e estratégias, movimenta os bastidores da TV brasileira. E o alvo da vez é o título de um novo reality show que promete polêmica antes mesmo de sair do papel. Segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (16) pelo colunista Matheus Baldi, a tentativa de Silvia Abravanel de registrar o nome “Casa dos Vilões” no INPI virou motivo de chacota nos corredores do SBT — e provocou uma reação imediata de Boninho, que decidiu seguir outro caminho.
A diretora e apresentadora, filha de Silvio Santos, registrou no fim do ano passado o nome “Casa dos Vilões”, inspirada em uma sugestão de seu noivo, Gustavo Moura. A ideia foi apresentada de maneira informal durante um encontro familiar com a CEO do SBT, Daniela Beyruti, no Guarujá. Silvia explicou publicamente que quis garantir o título “antes que alguém fosse mais esperto”.
Mas o que parecia uma jogada estratégica se revelou um movimento inútil — e até embaraçoso. Isso porque o reality “House of Villains”, exibido originalmente pelo canal norte-americano E!, pertence à NBCUniversal, e os direitos de adaptação no Brasil já estão nas mãos da produtora "A Floresta", chefiada por Dida Silva. Resultado: Silvia tem o nome, mas não tem o formato — e qualquer tentativa de produzir o reality exigiria uma negociação com os verdadeiros donos do conteúdo.

“De que adianta o nome, se o conteúdo já tem dono?”, teria dito, em tom de deboche, uma fonte ouvida pela coluna. O episódio, segundo Baldi, virou piada nos bastidores e evidenciou a falta de alinhamento estratégico dentro da própria emissora.
Diante do imbróglio, Boninho — que desde sua saída da Globo em 2024 passou a investir em projetos autorais ao lado do empresário Julio Cásares — decidiu deixar o “vilanismo” de lado e criar algo totalmente novo. Assim nasceu a “Casa do Patrão”, nome registrado no INPI como um claro aceno a Silvio Santos, mas com a proposta de ser um produto inédito e com a cara do SBT.
A expectativa é grande em torno desse novo projeto, que vem sendo tratado como a grande aposta da nova fase do canal. Boninho, vale lembrar, é responsável por 24 edições do Big Brother Brasil e conhece como poucos o jogo da audiência.

Com Silvia fora do jogo e Boninho mirando outro formato, o campo ficou livre para as gigantes do setor. Tanto Globo quanto Record estão de olho na adaptação oficial de “House of Villains”. Ambas possuem histórico de parcerias com a produtora "A Floresta" e estrutura para apostar em realities ambiciosos.
Fontes próximas à Globo afirmam que a recepção morna ao BBB25 acendeu o alerta para a necessidade de renovar o portfólio de realities. Já a Record, com sua longa tradição no gênero, pode tentar incorporar o formato como sucessor de "A Fazenda" ou em uma faixa paralela.
Independentemente da escolha, um fator será decisivo: o custo de produção, que costuma pesar bastante na decisão final entre os executivos.

A movimentação revela mais do que apenas uma disputa por nomes e formatos: expõe a nova dinâmica do entretenimento na TV aberta brasileira, onde criatividade, negócios e identidade andam lado a lado.
Enquanto o SBT tenta se reinventar, Globo e Record disputam formatos consagrados, e Silvia Abravanel — mesmo sem querer — acaba virando personagem de um enredo que mistura vaidade, improviso e, claro, muita televisão.
No fim das contas, quem decide se é hit ou flop é sempre ele: o público, que continua no controle remoto, pronto para dar play — ou pular para o próximo canal.