Eva Wilma, uma das maiores damas da teledramaturgia brasileira, completaria 92 anos neste domingo, 14 de dezembro. Talentosa e versátil, a atriz deixou um legado imenso na TV, cinema e teatro com personagens inesquecíveis.
Mas, por trás da imagem de diva respeitada, existiu também uma mulher que enfrentou julgamentos severos e preconceitos profundos no momento em que estava no auge de sua carreira.
Em 2013, durante o programa 'Damas da TV', exibido no canal Viva (atual Globoplay Novelas), Eva Wilma falou com franqueza sobre os dois grandes amores de sua vida: os atores John Herbert e Carlos Zara.
Com Herbert, ela viveu um longo casamento entre 1955 e 1976, relação da qual nasceram dois filhos e que atravessou décadas de sucesso profissional. Pouco tempo após a separação, Eva se envolveu com Carlos Zara, seu colega de cena na primeira versão de 'Mulheres de Areia' (1973), romance que se transformaria em uma união duradoura até a morte do ator, em 2002.
O problema é que, em 1976, o Brasil ainda não havia aprovado a Lei do Divórcio, que só entraria em vigor no ano seguinte. Na época, separar-se, especialmente para uma mulher pública, significava alvo de repreensão.
“Quando me separei, fui queimada na fogueira, mas saí ilesa”, declarou no programa, usando uma metáfora forte para definir o julgamento que sofreu.
A atriz relembrou que enfrentou um verdadeiro escândalo moral. “Enfrentei um grande escândalo. Mas saí ilesa, depois de quatro anos, para uma nova vida, um novo casamento”, afirmou, referindo-se à relação com Carlos Zara. O preconceito, embora doloroso, não a impediu de seguir em frente e de amar novamente.
Anos depois, já viúva, Eva refletiu sobre perdas em entrevista ao Notícias da TV. “A morte é a única certeza da vida. Já passei pela experiência da morte quando perdi meus pais e o Carlos. É preciso continuar”, disse, com a serenidade de quem transformou dor em aprendizado.
Eva Wilma morreu em 2021, mas permanece viva na memória do público por personagens icônicos: as gêmeas Ruth e Raquel em 'Mulheres de Areia', a vilã Maria Altiva em 'A Indomada', e a médica humana e combativa Marta, da série 'Mulher'. Mais do que uma grande atriz, Eva foi símbolo de resistência artística, feminina e humana.