





A defesa de Paulo Cupertino Matias, empresário condenado a 98 anos de prisão pelos assassinatos do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, tenta agora mudar o destino do criminoso dentro do sistema penitenciário de São Paulo.
As advogadas que representam Cupertino pediram que ele seja transferido do Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 de Guarulhos para a Penitenciária 2 de Tremembé, no interior do estado — unidade conhecida por abrigar nomes de forte apelo público, como Robinho, Alexandre Nardoni e Ronnie Lessa.
O pedido foi encaminhado à direção do CDP de Guarulhos, sob a alegação de que a penitenciária do interior oferece mais segurança ao réu, que ficou foragido por quase três anos até ser capturado em 2022. A solicitação está atualmente sob análise da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), segundo apurou o g1.
O caso que levou Cupertino à prisão ocorreu em junho de 2019, na zona sul de São Paulo. O ator Rafael Miguel, então com 22 anos, foi morto a tiros junto com os pais, João Alcisio Miguel e Míriam Selma Miguel, ao visitar a casa da então namorada, Isabela Tibcherani. As vítimas foram executadas com 12 tiros.
Na ocasião, Cupertino não aceitava o relacionamento da filha com Rafael. Câmeras de segurança flagraram o momento em que uma das vítimas cai baleada e o empresário foge em seguida. Apesar disso, durante o julgamento, ele negou o crime e alegou que os disparos foram feitos por uma terceira pessoa não identificada.
Por unanimidade, o júri condenou o réu por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
Mesmo condenado, Cupertino ainda tenta reverter a sentença. Em junho, suas defensoras Mirian Souza, Juliane Oliveira e Camila Motta entraram com pedido na Justiça para anular o júri, alegando que foram negados exames periciais essenciais para a defesa. Segundo elas, a condenação se deu sem provas concretas da autoria.
Caso o pedido de anulação seja negado, a estratégia é tentar reduzir o tempo total de pena. Pela legislação brasileira, ninguém pode cumprir mais de 40 anos de reclusão pelo mesmo crime. Cupertino deverá cumprir 27 anos em regime fechado, com possibilidade de liberdade em 2052.
O interesse da defesa em levar Cupertino para Tremembé não é à toa. A Penitenciária 2 é conhecida por manter presos de alta repercussão midiática e, segundo especialistas, é uma unidade com baixo índice de conflitos internos, já que há poucos integrantes de facções criminosas entre os detentos.
Entre os nomes que passaram ou ainda estão na unidade, estão:
- Robinho, ex-jogador condenado por estupro coletivo na Itália, cumpre pena no Brasil desde março de 2024.
- Ronnie Lessa, ex-policial militar e réu confesso do assassinato de Marielle Franco, transferido para Tremembé em junho.
- Cristian Cravinhos, envolvido no caso Richthofen, cumpre pena em regime semiaberto.
- Gil Grego Rugai, condenado por matar o pai e a madrasta, está na unidade desde 2016.
- Lindemberg Alves, responsável pela morte de Eloá Pimentel durante sequestro em 2008.
- Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha Isabella em 2008, teve progressão de regime e atualmente cumpre pena em liberdade, após anos em Tremembé.


