
Se rir é o melhor remédio, "Mussum, o Filmis" é praticamente um elixir da alma. A cinebiografia dirigida por Silvio Guindane e estrelada por Aílton Graça vai além das piadas e bordões imortalizados por Mussum foi parceiro de Renato Aragão por décadas no grupo "Os Trapalhões", sucesso absoluto da TV brasileira. O longa, exibido na Tela Quente desta segunda (14), é uma aula de afeto, ancestralidade, resistência e, claro, muito samba no pé.
A história de Antônio Carlos Bernardes Gomes — ou simplesmente Mussum — ganha vida com uma sensibilidade surpreendente. Do menino nascido no Morro da Cachoeirinha ao músico dos Originais do Samba e, depois, ao comediante que virou lenda na TV, o filme costura sua narrativa com emoção e ritmo envolvente. A atuação de Aílton Graça é magnética: ele encarna o humorista com alma, e não apenas com caricatura.
Ao abordar o racismo, a pobreza, a ausência do pai e o preconceito enfrentado ao longo da carreira, "Mussum, o Filmis" mostra que por trás da risada havia dores profundas. A comédia nunca foi fuga, mas força — um jeito de resistir e existir em um país que raramente oferece palco digno a corpos negros.

A obra se inspira no livro "Mussum – Uma História de Humor e Samba", de Juliano Barreto, e acerta em cheio ao equilibrar leveza e profundidade. O roteiro de Paulo Cursino não cai na armadilha de idolatrar: mostra o homem, suas falhas, suas escolhas, e sobretudo, sua humanidade.
Além de Aílton Graça em momento memorável, o elenco traz nomes como Yuri Marçal (Mussum jovem), Thawan Lucas Bandeira (Mussum criança), Cacau Protásio e Neusa Borges como Dona Malvina, mãe do comediante. Gero Camilo também se destaca com uma presença marcante. A química entre os atores emociona e reforça a importância das relações familiares e afetivas na formação de quem Mussum foi.
"Mussum, o Filmis" será exibido nesta segunda-feira, 14 de abril, na Tela Quente da TV Globo, a partir das 23h30 (horário de Brasília). O filme também está disponível no catálogo do Globoplay, para quem quiser assistir ou rever a qualquer momento.

"Mussum, o Filmis" é mais do que uma homenagem — é um ato de reconhecimento. O filme ri com o Brasil, mas também nos obriga a pensar em como tratamos nossos ídolos negros. É impossível terminar a sessão sem um sorriso emocionado e, talvez, uma lágrima teimosa no canto do olho.
Se você cresceu ouvindo "cacildis", ou se nunca entendeu bem o fenômeno que foi Mussum, essa cinebiografia é obrigatória. Prepare o coração, porque o que vem não é só nostalgia: é celebração de um legado que merece ser eternizado com todas as cores da brasilidade.