
Juliana Silveira voltou a falar do assédio que sofreu de um diretor de novelas no passado. Em entrevista ao podcast “Papagaio Falante”, nesta quarta-feira (09), a atriz, consagrada pelo seu papel em “Floribella”, confirmou que a situação ocorreu nos bastidores de “Balacobaco”, exibida pela Record TV de 2012 a 2013.
Na trama, Juliana interpretava Isabel, uma mergulhadora. A atriz afirma que o diretor era mergulhador profissional, por isso, costumava acompanhá-la com frequência nas gravações. “Quando tinha cena de mergulho, ele ia comigo, porque ele levava a câmera. Então, a gente foi ficando amigo, ele foi virando um ponto de apoio pra mim”, relata.
Juliana passou a receber bilhetes no estacionamento da emissora, presentes e mensagens de WhatsApp de um número desconhecido. “Passando mensagens de cantadinha”, conta. Ela chegou a desconfiar do ator com quem fazia par romântico na época. A artista, então, pediu que a produção checasse o número e, para sua surpresa, se tratava de um dos diretores da novela.

Juliana conta que decidiu conversar com ele, que, a princípio, se mostrou compreensivo. “Ele fingiu que estava tudo bem, que não era nada disso, pediu desculpas. Pra mim, estava resolvido”, lembra. No entanto, este diretor passou a fazer represálias no ambiente de trabalho, segundo a atriz.
“Depois dessa situação, nossa relação ficou esquisita. Ele ia me dirigir e tinha cena de choro, ele mandava eu repetir 20 vezes. Nada tava bom, ele pegou ranço e começou a me torturar no trabalho”, expõe.
A gota d’água foi uma cena onde a personagem de Juliana estava desmaiada e levaria um tapa na cara. Ela pediu que fosse realizado um tapa técnico, especialmente, para que sua reação instintiva com uma agressão real não fosse flagrada pela câmera.

Tudo estava previamente combinado quando o diretor pediu para conversar com a outra atriz que faria a cena. Juliana afirma ter ouvido o recado através do fone. “Ele falou: ‘Eu vou contar até três, quando for no dois, você dá um tapa nela com vontade’. Não deu tempo de eu reagir. Ele falou ‘gravando’ e eu tomei a ‘chalapada’”, conta.
Juliana reagiu na hora e uma confusão se armou nos bastidores. “Eu já estava num estresse tão grande com essa situação que, quando ela deu o tapa, eu levantei que nem um demônio. Aí quebra-pau! Fui pro camarim e falei: ‘chega’”, detalha.
A atriz levou o caso à alta cúpula da Record e conversou com uma representante da presidência da emissora. Ela teve o pedido atendido e não voltou a gravar com este diretor.

Segundo o colunista Flávio Ricco, que, na época, escrevia para o portal UOL, Guto Botelho era o diretor de plantão na cena do tapa. Em reportagem publicada em 05 de abril de 2013, o jornalista destaca que o profissional estava insatisfeito com a sequência e “exigiu mais empenho, mais entrega, mais perfeccionismo”.
“Alice Assef, no calor da cobrança, acidentalmente, encheu a mão na cara da Juliana, que revoltada, discutiu com o diretor e se retirou do local”, relatou Flávio na ocasião. A reportagem não menciona os problemas anteriores entre a atriz e o diretor.
Guto trabalhou em diversas novelas famosas da Record TV, como “Os Mutantes: Caminhos do Coração” e “Ribeirão do Tempo”. Em 2015, migrou para a TV Globo e, além de folhetins como “A Regra do Jogo” e “Nos tempos do Imperador”, também dirigiu a série “Assédio”, em 2018. A trama é livremente inspirada no caso do médico Roger Abdelmassih, médico condenado a 181 anos de prisão por 48 estupros.