Manual completo: médica tira todas as dúvidas sobre condição que deixou rosto de Claudia Raia inchado. 'Risco de asfixia'
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 17:50
Por Matheus Queiroz | Notícias dos famosos, TV e reality show
Jornalista por vocação, apaixonado por música, colecionador de CDs e neto perdido de Rita Lee.
Claudia Raia sofreu um quadro de angioedema antes de participar de um show da TV Globo.
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Claudia Raia foi destaque no show de comemoração aos 60 anos da TV Globo em abril deste ano. Antes de emocionar o público ao reviver a personagem Tancinha, da novela “Sassaricando”, a atriz enfrentou momentos de tensão nos bastidores: o rosto da estrela ficou completamente inchado após ser acometida por angioedema.

“Tive uma reação alérgica. Eu não sei o que dizer. Claudia Raia explodindo de emoção a ponto de ter um angioedema que quase me impediu de fazer parte do show, mas eu ia entrar de qualquer jeito. Inchada, acabada, cheia de edema”, relatou Claudia, que poderá ser vista na TV na reprise de “Rainha da Sucata”.

Angioedema é um inchaço repentino e localizado que afeta as camadas mais profundas da pele e das mucosas, geralmente, em pálpebras, lábios, língua, garganta ou extremidades. O problema pode ser causado por reações alérgicas, uso de medicamentos, como anti-hipertensivos e anti-inflamatórios, ou até fatores genéticos. Em alguns casos, pode evoluir para algo mais sério, com o comprometimento das vias respiratórias.

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Mas, afinal, o que pode causar angioedema? Como identificar? Existe angioedema emocional? Para responder estas e outras perguntas, o Purepeople convidou a Dra. Brianna Nicoletti*. A médica possui especialização em Alergia e Imunologia pela Universidade de São Paulo (USP) e conta com mais de 20 anos de experiência. Confira a seguir! 

* CRM 113.368

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O que pode desencadear o angioedema?

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O angioedema é um inchaço súbito que acomete camadas mais profundas da pele e das mucosas. Pode ter diversas causas:
• Alergias (angioedema alérgico): alimentos (como castanhas, frutos do mar), medicamentos (como antibióticos ou anti-inflamatórios), picadas de inseto e látex. O mecanismo é mediado por imunoglobulina E (IgE), semelhante às reações alérgicas imediatas.
• Fármacos específicos: especialmente os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), usados para hipertensão, que podem causar angioedema mesmo após anos de uso.
• Angioedema idiopático ou espontâneo: quando não se identifica uma causa clara, comum em casos recorrentes.
• Angioedema hereditário: doença genética rara causada por deficiência ou disfunção do inibidor de C1-esterase, levando à ativação descontrolada do sistema de bradicinina.
• Fatores físicos ou emocionais: frio, calor, pressão local ou até estresse podem funcionar como gatilhos em pessoas predispostas.

Além do inchaço, existem outros sintomas que podem apontar para um quadro de angioedema?

Sim. O principal sinal é o inchaço assimétrico, de início rápido, geralmente sem coceira intensa (diferente da urticária). Pode acometer:
• Lábios, pálpebras e língua, alterando a fisionomia;
• Região genital ou extremidades;
• Vias aéreas superiores (laringe), o que pode levar à dificuldade para respirar, rouquidão ou sensação de “nó na garganta”.

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Em casos de angioedema hereditário, sintomas gastrointestinais como dor abdominal intensa, vômitos e diarreia também são frequentes, simulando quadros cirúrgicos. Cerca de 40% dos pacientes apresentam angioedema e urticária simultaneamente. Nesses casos, além do inchaço profundo (em lábios, pálpebras, língua, mãos, pés, etc.), aparecem também lesões superficiais na pele, chamadas de pápulas urticariformes. São aquelas placas avermelhadas, elevadas e pruriginosas (“vergões”), que costumam mudar de lugar ao longo das horas. Essa combinação é mais comum nos quadros mediados por histamina, como reações alérgicas clássicas ou angioedema idiopático histamínico, e costuma responder bem a anti-histamínicos, corticoides e, em casos mais graves, adrenalina.

Existe um grupo mais afetado pelo angioedema?

Depende da causa:
• Angioedema alérgico: pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente em pessoas com histórico pessoal ou familiar de alergias.
• Induzido por medicamentos: adultos, especialmente mulheres e pessoas em uso prolongado de inibidores da ECA.
• Hereditário: costuma se manifestar na infância ou na adolescência e afeta igualmente homens e mulheres, embora mulheres possam ter crises mais frequentes devido à influência hormonal.
• Idiopático: mais comum em adultos, particularmente mulheres de meia-idade. Mas pode acometer qualquer idade.

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Como diferenciar o angioedema de outras reações alérgicas?

A principal diferença é a profundidade do inchaço e a ausência de urticária (placas vermelhas e coceira) em muitos casos.
• Urticária: acomete camadas superficiais da pele, é pruriginosa e tem aspecto de “vergões” que mudam de lugar rapidamente.
• Angioedema: atinge camadas profundas, tem bordas menos definidas, evolui mais lentamente e pode durar até 72 horas.

Vale também lembrar que o angioedema se caracteriza por inchaço súbito, de início rápido (em minutos a poucas horas), atingindo camadas profundas da pele, geralmente sem descamação ou fissuras. Regride em até 72 horas e pode vir acompanhado de urticária ou sintomas sistêmicos, dependendo da causa. Já os eczemas de contato, muito comuns em pálpebras e lábios, têm evolução mais lenta (horas a dias), aspecto superficial com vermelhidão, inchaço, descamação fina, fissuras e prurido intenso. Costumam ser localizados, persistentes ou recorrentes, e estão associados ao uso de cosméticos, maquiagens, esmaltes, metais ou fragrâncias, sendo confirmados por testes de contato. Enquanto o angioedema é um evento agudo, os eczemas tendem a um curso crônico até a retirada do agente causador.

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Que cuidados ou medidas preventivas podem reduzir o risco de um novo episódio de angioedema?

O mais importante é identificar e evitar gatilhos. Isso inclui:
• Revisão de medicamentos (principalmente IECA).
• Identificação de alérgenos por meio de história clínica e testes específicos.
• Controle de comorbidades e retirada de fatores agravantes, como certos AINEs.
• Para angioedema hereditário, evitar traumas, estrogênios e IECA, além de usar terapias preventivas quando indicadas.
• Acompanhamento regular com alergista/imunologista, principalmente nos casos recorrentes.

O angioedema pode se tornar grave se o inchaço afetar as vias aéreas. O que leva a este quadro?

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Quando o inchaço ocorre em língua, palato mole ou laringe, pode obstruir a passagem de ar, gerando risco de asfixia. Nos casos alérgicos, isso acontece pela liberação rápida de mediadores inflamatórios (como histamina). Já no angioedema por bradicinina (hereditário ou por IECA), o mecanismo é diferente e os anti-histamínicos e corticoides costumam ser ineficazes, exigindo terapias específicas. Por isso, a localização do edema é mais relevante do que o tamanho — mesmo um edema “pequeno” de laringe pode ser potencialmente fatal.

O angioedema pode ser um dos sinais de anafilaxia, uma reação alérgica sistêmica grave, diferente do angioedema isolado. Além do inchaço, há comprometimento de outros sistemas — respiratório (rouquidão, dificuldade para respirar, sensação de aperto na garganta), cardiovascular (queda de pressão, tontura, síncope) ou gastrointestinal (náuseas, vômitos, dor abdominal súbita). Costuma surgir rapidamente após a exposição ao alérgeno e pode vir acompanhada de urticária disseminada e prurido intenso. O edema de laringe pode ocorrer em ambos os quadros, mas na anafilaxia geralmente aparece junto a sinais sistêmicos. O tratamento é emergencial e inclui administração imediata de adrenalina intramuscular, além de suporte médico especializado.

Quando é o caso de procurar atendimento emergencial?

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Sempre que houver:
• Inchaço em língua, garganta ou dificuldade para respirar/falar;
• Rouquidão súbita;
• Dor abdominal intensa recorrente (em angioedema hereditário);
• Dúvida sobre progressão rápida da reação.

Em casos alérgicos, pode ser necessária adrenalina intramuscular imediata, além de suporte ventilatório e observação hospitalar. No hereditário, devem ser aplicadas medicações específicas, como concentrado de inibidor de C1 ou bloqueadores de bradicinina. Anafilaxia pode ocorrer sem urticária, por isso, a presença de sintomas respiratórios ou circulatórios já define gravidade. O tratamento envolve adrenalina intramuscular imediata e suporte médico especializado.

Angioedema emocional ainda não é um diagnóstico formal, mas muito se pesquisa sobre o tópico. O que existe de concreto sobre estresse como gatilho?

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O estresse não causa angioedema por si só, mas pode atuar como gatilho ou fator agravante em indivíduos predispostos.
• Em angioedema idiopático e hereditário, situações de estresse físico ou emocional são frequentemente relatadas antes das crises.
• O mecanismo provável envolve ativação neuroendócrina, com liberação de mediadores inflamatórios e alteração da barreira vascular.

Estudos mostram associação, mas ainda não há consenso para classificá-lo como diagnóstico separado. O manejo do estresse, no entanto, faz parte do tratamento global, especialmente nos quadros recorrentes. Embora não seja um diagnóstico formal, manejar o estresse é parte importante do cuidado.

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