As séries de true crime, aquelas baseadas em histórias reais, são um verdadeiro fenômeno no Brasil. Prova disso é o sucesso de “Tremembé”, que aborda o dia a dia dos bandidos que cumprem pena na penitenciária homônia, e do documentário “Pacto Brutal”, que detalha - com fotos e fortes depoimentos - o assassinato da atriz Daniella Perez.
Muito mais que hype, o amor por séries violentas pode esconder traços de um passado mal resumido. A psicóloga americana Thema Byrant, professora de psicologia na Pepperdine University, tem uma forte tese sobre pessoas que curtem assistir a esses conteúdos para relaxar antes de dormir.
A especialista avalia que isso pode ser um sinal das maneiras prejudiciais pelas quais uma pessoa processa situações traumáticas. "Se a sua ideia de relaxar antes de dormir é assistir a três episódios de ‘Law and Order’, eu o encorajaria a pensar 'por que o trauma é relaxante para mim?'. É isso que é. Dano, crime, violação, ataques, e é isso que vai me acalmar na hora de dormir?", questionou Thema em entrevista ao “The Mel Robbins Podcast”.
A psicóloga revela que pacientes costumam conversar sobre a paixão pelos conteúdos de true crime e muitos consideram “normal e familiar”. "Alguns de nós crescemos com alto estresse, então, as pessoas confundem paz com tédio. E é como, para voltar para casa, você tem que se apoiar no desconforto porque vai parecer estranho."
A vereadora Ana Carolina Oliveira (PODE-SP), mãe de Isabella Nardoni, fez críticas públicas à série “Tremembé”. Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, condenados pelo assassinato da menina de 5 anos, são retratados na produção.
Em nota enviada ao portal Splash, do UOL, Ana, que pediu a expulsão de uma participante de “A Fazenda”, afirma que não irá assistir à série e defende a necessidade de “leis mais firmes, respeito à dor das vítimas e o compromisso de não transformar tragédias reais em entretenimento”.
Ana, por meio de sua assessoria, critica a espetacularização do crime. “A posição dela é de reflexão e respeito — não apenas pelo caso retratado, mas por todas as vítimas que, muitas vezes, acabam sendo esquecidas enquanto criminosos voltam aos holofotes", completa.
O assassinato de Isabella aconteceu em 2008. 17 anos depois, Anna e Alexandre estão em regime aberto.