






O público "Exttravasa!" A abertura oficial do Carnaval de Salvador 2025, realizada nesta quinta-feira (27) no circuito Osmar (Campo Grande), ficou marcada por um episódio tenso envolvendo a cantora Claudia Leitte, que quase ficou fora da folia pelo Ministério Público. Segundo informações do portal Bahia.BA, ao ser anunciada por Carlinhos Brown, a artista foi recebida com vaias de parte do público, gerando um momento de constrangimento na festa.
A situação se intensificou quando Brown entoou versos do clássico "Bola de Sabão", hit da época do grupo Babado Novo, e as manifestações negativas cresceram. De acordo com o Correio, a reação do público dividiu opiniões. Enquanto alguns foliões vaiavam e faziam sinais de negativo, fãs da cantora tentavam abafar os protestos, gritando e cantando em seu apoio.
Em seguida, Claudia Leitte, que não esbarra com Ivete Sangalo, puxou "Extravasa", um de seus maiores clássicos, e reforçou que estava muito feliz de fazer parte da festa. No entanto, vídeos que circulam nas redes sociais mostram que as vaias continuaram durante essa música, tornando o episódio ainda mais polêmico.
Após a apresentação, Claudia Leitte fez questão de se manifestar sobre o ocorrido. "Que Deus abençoe vocês e a gente vá na paz e na alegria para o maior carnaval do planeta, a festa mais popular do mundo. Que Deus nos proteja e nos dê muita paz, muito respeito e muito amor um pelo outro nessa avenida, que é isso que a gente faz de melhor. E música", disse ao se despedir do público, segundo informações do Correio.
A cantora subiu ao trio vestindo um look branco com franjas, um body com recortes e um adereço na cabeça, chamando atenção pelo visual marcante.
O episódio ocorre em meio a uma polêmica envolvendo Claudia Leitte e uma mudança recente em uma de suas músicas. Durante um show, a cantora alterou a letra da canção "Cata Caranguejo", substituindo a menção a "Iemanjá" por "Yeshua", nome hebraico para Jesus.
A modificação gerou uma onda de críticas, sendo interpretada por muitos como um gesto de intolerância religiosa. O Carnaval de Salvador, que em 2025 celebra os 40 anos do Axé Music, tem em suas raízes uma forte influência das religiões de matriz africana, tornando a substituição um tema ainda mais sensível.
A troca na letra dividiu opiniões. De um lado, seguidores da cantora e do segmento evangélico defenderam seu direito à liberdade religiosa. Do outro, críticos apontaram que a alteração descaracterizou uma canção tradicional e desrespeitou a importância da cultura afro-brasileira dentro do contexto carnavalesco.
Casos semelhantes já ocorreram no meio musical. Artistas que adotam posturas religiosas mais rígidas frequentemente enfrentam questionamentos ao tentar conciliar sua fé com tradições populares. Em 2018, a cantora Baby do Brasil também gerou debate ao afirmar que não cantaria mais músicas com referências a espiritualidades distintas do cristianismo.
A situação de Claudia Leitte reforça o embate entre fé e cultura no Brasil. O Axé Music, que nasceu da mistura de ritmos africanos e manifestações religiosas, sempre se pautou pela diversidade e inclusão. Dessa forma, qualquer alteração que sugira exclusão ou apagamento de elementos fundamentais desse movimento acaba gerando repercussão.
O caso rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando debates acalorados. "Respeito a fé da Claudia Leitte, mas o Axé Music tem raízes africanas. Alterar a letra assim é apagar parte da história." "O pessoal reclama, mas a música é dela! Se ela quiser cantar do jeito que acredita, é um direito." "Não é sobre religião, é sobre respeitar a cultura do Carnaval. Se não quer cantar sobre Iemanjá, por que canta Axé?" "Gente, vaiaram com força mesmo a Claudia Leitte! Além de ter flopado, a abertura foi vaiada."
O episódio envolvendo Claudia Leitte levanta uma questão mais ampla: até que ponto artistas podem modificar elementos culturais sem gerar conflitos? O Brasil, um país de múltiplas crenças e tradições, precisa encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e o respeito às manifestações culturais que compõem sua identidade. No Carnaval, uma festa que celebra a diversidade, o desafio é garantir que todas as vozes sejam ouvidas sem que nenhuma seja silenciada.