A cinebiografia "Homem com H", que estreou com força total na Netflix Brasil e já ocupa o Top 1 da plataforma, reacendeu não só as memórias intensas de Ney Matogrosso, interpretado com entrega impressionante por Jesuíta Barbosa, como também reavivou o interesse pelos bastidores da era de ouro da música nacional. Em meio às descobertas sobre Ney, uma história envolvendo Cazuza e seu pai, João Araújo, voltou a circular — e surpreende até hoje.
João Araújo foi presidente da Som Livre, gravadora que marcou época e moldou o som brasileiro das novelas às rádios. Mas quando o nome do próprio filho surgiu como sugestão para o cast da empresa, o que era para ser um gesto natural se transformou num impasse.
Em entrevista ao portal Corredor 5, o produtor Max Pierre, que integrava a equipe da gravadora nos anos 1980, contou que Araújo inicialmente barrou a entrada de Cazuza na Som Livre. O motivo? Uma preocupação com a ética e com a imagem pública.
“Ele falou que não, porque era filho dele. O argumento é que iam dizer na Globo que ele estaria usando o cargo dele para favorecer o filho”, revelou Max.
Mesmo reconhecendo o talento do filho — já um letrista afiado, performer magnético e dono de uma sensibilidade rara —, João temia que parecesse favorecimento dentro da emissora. Só após muita insistência da equipe, ele cedeu... mas com uma condição: o primeiro disco de Cazuza seria lançado não pela Som Livre principal, mas pelo selo RGE, uma divisão menor do grupo.
Foi sob essas condições que Cazuza deu seus primeiros passos como artista solo, após deixar o Barão Vermelho, banda que o consagrou. E o resto é história: seus discos marcariam para sempre a MPB e o rock nacional, com canções como "Exagerado", "O Tempo Não Para" e "Codinome Beija-Flor".
Cazuza, que tinha todas as ferramentas para brilhar por mérito próprio, começou de baixo, mesmo sendo “de dentro”. E talvez essa caminhada mais árdua tenha ajudado a moldar o artista rebelde, provocador e poético que conquistou o Brasil.
Hoje, ao ver a trajetória de figuras como Jesuíta Barbosa, que emagreceu 12 kg e mergulhou em aulas de dança para viver Ney Matogrosso com precisão em "Homem com H", entendemos como o legado daqueles anos 80 continua inspirando novas gerações — dentro e fora das telas.
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