O julgamento de Paulo José Arronenzi, engenheiro que matou a ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, na frente das filhas, começou na tarde desta quinta-feira (10) e seguiu na madrugada de sexta-feira, totalizando 15 horas. Ele foi condenado a 45 anos de prisão por homicídio quintuplamente qualificado.
O assassinato aconteceu na véspera do Natal de 2020, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, Viviane desceu do carro com as três filhas para deixá-las com o ex-marido para um passeio. A juíza, então, foi pega de surpresa com 16 facadas. O crime foi gravado por uma testemunha.
1) Feminicídio (a vítima foi morta por ser mulher)
2) O crime foi praticado diante de três crianças, os filhos do casal
3) O assassinato foi cometido por motivo torpe (o acusado matou a ex-mulher por não aceitar o fim do relacionamento)
4) A vítima foi atacada sem que pudesse se defender.
5) Meio cruel, já que o assassino golpeou a vítima com múltiplas facadas, gerando intenso sofrimento.
Na época, Paulo José foi preso em flagrante por guardas municipais. Segundo a polícia, o engenheiro não se conformou com o término do casamento. Problemas financeiros enfrentados por ele após a separação também foram a motivação do crime.
O engenheiro foi denunciado por homicídio quintuplamente qualificado. Três meses antes, Viviane havia feito um registro de lesão corporal e ameaça contra o ex-marido.
No julgamento, a promotora do caso, Carmen Carvalho, deu uma entrevista dizendo que acredita na condenação por pena máxima do engenheiro, já que o crime foi gravado por uma testemunha.
"Provas claras, o crime foi filmado, uma covardia contra a mulher. É um homicídio com cinco qualificadoras: violência doméstica, porque ela era ex-mulher dele, por motivo torpe e meio cruel, sem chance de defesa, além de ter ocorrido na presença dos filhos menores. A expectativa é que a justiça seja feita e ele seja condenado a 45 anos de prisão, é o que ele merece pelos atos que cometeu".
Em um dos depoimentos de forte impacto durante o julgamento, a mãe da juíza, Sara Vieira do Amaral, lembrou que foi comunicada por sobre a morte da filha por uma ligação da neta de 9 anos, poucos minutos após presenciar o ataque do pai à mãe com as 16 facadas.
"O papai furou a mamãe toda e ela está caída no chão. É muito sangue, é muito sangue vovó", disse Sara ao reproduzir a fala da neta ao telefone.
Irmão da vítima, Vinícius Vieira do Amaral também deu depoimento e lembrou que o ex-cunhado costumava importunar a família exigindo dinheiro da ex-mulher.
"Minha irmã e minha mãe não paravam de receber telefonemas todo horário possível. Minha irmã foi sendo chantageada para compensação financeira. Ele chegou a cobrar o custo da foto do álbum de casamento que tinha 11 anos, valor de vestido que ele deu presente para ela, e minha irmã foi sucumbindo e fazendo transferências para ele", relatou.
Ainda de acordo com o irmão de Viviane, ela fez um acordo que "cedeu tudo para ele": "Acho que uns R$ 600 mil. Era o proporcional de partilha".