






Fernando Collor de Mello ocupou a Presidência da República de março de 1990 a dezembro de 1992 e logo no segundo dia no Palácio do Planalto lançou o Plano Collor. A ideia do presidente que viria a buscar na Justiça censura contra uma novela era controlar a inflação e culminou no confisco do saldo nas cadernetas de poupança, nova mudança na moeda, de Cruzado Novo para Cruzeiro, e congelamento de salários.
Acusado de praticar "rituais" contra Silvio Santos (1930-2024) e de desviar milhões de afiliada da Globo, do qual é proprietário, Collor, agora preso em desdobramento da Operação Lava Jato, acabou provocando corte de gastos nas emissoras de TV. O SBT reduziu o número de funcionários, tirou do ar dois noticiários ("TJ Manhã" e "TJ Noite"), estudou unir os quatro infantis em duas atrações, e cancelou um programa que seria conduzido por Bóris Casoy.
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Só que não foi apenas o SBT quem precisou enxugar aqui e lá por conta da crise. A Globo também teve que se adaptar aos "novos tempos" e cortar os "gastos supérfluos" na avaliação de sua diretoria. E isso atingiu de forma bizarra a então novela das oito, "Rainha da Sucata", estrelada por Regina Duarte.
A gravação do churrasco que Maria do Carmo (papel da atriz, uma das presentes no "Troféu Imprensa Melhores de 2024") organizou para comemorar o noivado com Gérson (Gerson Brenner) foi uma das sequências afetadas. "Carne mesmo que é bom não dava sequer para sentir o cheiro", disse o jornal "O Dia" em 8 de abril de 1990.
Tanto que em um primeiro momento, a Globo decidiu comprar 20 quilos de carne, porém no final eram apenas dois. A figuração foi reduzida de forma drástica de 500 pessoas para só 15 atores. Por um, o grupo Turma Boa do Samba formado por oito músicos levou à gravação só três integrantes. Com isso, o nome acabou alterado momentaneamente por Três na Bossa.