Em seus 60 anos, a Globo colecionou algumas novelas das sete que acabaram sendo esquecidas com o passar dos tempos e nunca mais voltaram ao ar e nem ganharam reprises no Viva. Entre elas está "Mico Preto", de 1990, onde Miguel Falabella viveu gêmeos e que era estrelada por Luis Gustavo. O ator que morreu em decorrência de complicações de um câncer em 2021 interpretava um procurador de uma milionária que desaparecia no começo da história.
Já na abertura, além do artista quem também dava as caras era um simpático macaco-prego, o que gerou uma dor de cabeça para a Globo. No começo de junho, um mês após a estreia, ocorrida em 7 de maio, o então procurador federal da República em São Paulo solicitou que a emissora fizesse uma alteração na vinheta e retirasse o bicho de cena.
"Animais silvestres só podem ser mostrados em seu habitat", alegou. Por sua vez, a Globo argumentou que o macaco-prego era criado em um quintal e teve seu momento de diversão ao fazer os takes. Luiz Alberto David de Araújo queria ainda que a Globo pagasse quase 11 milhões de cruzeiros por dia de multa.
E o procurador não poupou críticas à Globo. "Veicular a imagem de um macaquinho de chapéu e colete é uma catástrofe em termos ambientais. E essa lesão toca especialmente as crianças. Para elas, torna-se valor corrente o aprisionamento de animais", disparou, alegando que a abertura da novela incentivaria à captura de animais silvestres.
Quem concordou com o procurador foi o presidente de um grupo ambientalista. "Foi aberto um inquérito para apuração de responsabilidades, enquadrando desde a emissora carioca até o mago dos efeitos especiais da casa, o artista Hans Donner - idealizador da abertura", relatou o "Jornal do Brasil" do dia 8 de agosto.
Ao se defender, a Globo alegou que por ser criado em cativeiro desde os primeiros dias de vida, o bicho em questão não poderia ser considerado silvestre. E que ele já tinha um currículo de respeito, trabalhando em programas de humor e comerciais.
No mesmo dia 8, um juiz da 20ª Vara Cível negou um pedido para que fosse suspensa a abertura da novela "Mico Preto". "(Alegou) que se fosse concedida a liminar de suspensão ele estaria censurando uma produção artística, o que é proibido por lei", disse a "Folha de S.Paulo".
