






A nova série da Netflix, "Adolescência", tornou-se um sucesso e gerou inúmeros debates sobre o uso das redes sociais entre crianças e adolescentes. A minissérie de quatro episódios narra a história da família Miller, cuja vida muda drasticamente quando o filho mais jovem, Jamie Miller, de 13 anos, é preso acusado de assassinar uma colega de escola.
A psicóloga Cecília Dassi, que ficou conhecida por seus papéis em "Alma Gêmea", "Sete Pecados", e "Viver a Vida", abandonou a carreira de atriz para se tornar psicóloga. Atualmente, com mais de 400 mil seguidores, ela compartilha conteúdos sobre saúde mental nas redes sociais.
Diante do sucesso da minissérie da Netflix, Cecília decidiu realizar um experimento para entender como as redes sociais influenciam os jovens. Em seus stories, ela revelou que criou um perfil simulando um adolescente de 18 anos e analisou os vídeos que a plataforma recomendava.
"O app não perguntou meu gênero, mas eu escolhi os interesses seguindo o estereótipo masculino para ver o que o algoritmo me entregaria", explicou.
O resultado do experimento surpreendeu a psicóloga. Logo nos primeiros vídeos recomendados, apareceram conteúdos preocupantes. Entre eles, um homem revoltado que mandava o chefe "se ferrar" e fazia um gesto obsceno com o dedo do meio, além de um vídeo de uma mulher jogando futebol de biquíni. Cecília também notou uma grande quantidade de publicações incentivando a violência, como sequências de brigas físicas em escolas e vídeos que exaltavam a competição feminina com frases do tipo "e daí que ela é bonita, eu faço tal coisa melhor".
Além disso, foram exibidos vídeos de "psicologia sombria", ensinando como "intimidar e manipular as pessoas", acompanhados de conteúdos motivacionais agressivos, que mesclavam discursos de autoajuda com mensagens religiosas. Um dos vídeos religiosos recomendados dizia: "Fda-se sua depressão, fda-se sua saúde mental, pare de ser um f*dido e levanta dessa cama".
Além dos vídeos violentos, Cecília destacou um conteúdo que apresentava preconceito contra pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH). O vídeo afirmava, de forma ofensiva, que a sigla TDAH significava "tendência de homens a amar homens". Para a surpresa da psicóloga, o vídeo já acumulava mais de 266 mil curtidas.
O experimento de Cecília Dassi reforça a importância de discutir o impacto dos algoritmos na formação dos jovens e os riscos da exposição a conteúdos nocivos nas redes sociais.