
[ALERTA: o texto a seguir pode conter gatilhos para vítimas ou pessoas sensíveis a assuntos relacionados a abuso sexual]
O jogador Daniel Alves foi absolvido na sexta-feira (28) pelo Tribunal Superior da Catalunha da acusação de estupro, mas antes disso enfrentou um longo processo judicial, que incluiu 14 meses de prisão, trocas de advogados e apoio financeiro da família Neymar. Entenda os detalhes do caso e como o ex-companheiro de seleção ajudou o lateral-direito.
O caso teve início em dezembro de 2022, quando uma jovem denunciou Daniel Alves por agressão sexual, alegando ter sido estuprada em um banheiro de uma boate em Barcelona. O jogador foi preso preventivamente em janeiro de 2023, gerando grande repercussão internacional.

Durante 14 meses, Daniel Alves permaneceu detido no presídio de Brians 2, em Barcelona. Ele foi libertado em março de 2024 após o pagamento de uma fiança milionária, com a defesa alegando que ele possuía residência fixa, vínculos familiares e colaborava com a Justiça.
A família de Neymar foi responsável pelo pagamento da fiança que garantiu a liberdade provisória de Daniel Alves. Os pais do atacante depositaram 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,4 milhões à época), montante estabelecido pela Justiça espanhola. Inicialmente, a Promotoria sugeriu 150 mil euros, mas os juízes aumentaram o valor devido à capacidade financeira do jogador.
Posteriormente, Daniel Alves reembolsou parte do valor à família Neymar. Em abril de 2024, ele devolveu R$ 800 mil, quantia que havia sido oferecida à vítima como "reparação" — uma prática aceita no sistema penal espanhol para demonstrar arrependimento e obter possíveis benefícios processuais.

Um boato circulou nas redes sociais alegando que o jogador holandês Memphis Depay teria ajudado a pagar a fiança, mas a informação foi desmentida. O UOL apurou que os recursos vieram exclusivamente da família Neymar.
O valor doado pelo pai de Neymar anteriormente contribuiu para a redução da pena de Daniel Alves. O Ministério Público da Espanha havia pedido 9 anos de prisão, e a equipe jurídica da vítima solicitou a pena máxima de 12 anos. No entanto, o jogador foi condenado a 4 anos e 6 meses.
"A família nos pediu ajuda. O Daniel não tinha dinheiro para se defender, e o prazo para o pagamento da defesa estava expirando. Pense bem, em nenhum momento, eu podia negar ajuda a um amigo que está tentando se defender de uma acusação", declarou o pai de Neymar em conversa com o ex-jogador Emerson Sheik.

Dessa forma, fica claro que Neymar e sua família não pagaram a fiança de Daniel Alves, mas contribuíram financeiramente para sua defesa e para a redução da pena.

Mesmo em liberdade, Daniel Alves precisou cumprir diversas medidas judiciais, incluindo a entrega de seus passaportes, proibição de sair da Espanha e de se aproximar da vítima. Ele também passou a se apresentar semanalmente ao tribunal.
Durante o processo, Alves trocou de advogados três vezes. Inicialmente, sua defesa foi feita por Miraida Puente, depois por Inés Guardiola, e, por fim, pelo criminalista Cristóbal Martell, especialista em casos de grande repercussão.

Em fevereiro de 2024, Daniel Alves foi condenado a 4 anos e meio de prisão por agressão sexual, com base no depoimento da vítima, considerado "contundente e persistente" pelo tribunal. A sentença também previa 9 anos de liberdade vigiada e o pagamento de 150 mil euros à denunciante.
A condenação gerou revolta em movimentos de defesa dos direitos das mulheres. A vítima declarou, através de seus advogados, que se sentia "novamente violentada" com a decisão de conceder liberdade provisória ao jogador.
Entretanto, no dia 28 de março de 2025, o Tribunal Superior da Catalunha anulou a condenação, apontando inconsistências no depoimento da vítima. Os juízes destacaram contradições entre a versão inicial e o relato apresentado no julgamento, além de falhas na cronologia dos fatos. Com isso, o caso foi arquivado.

A Promotoria ainda pode recorrer da absolvição junto ao Supremo Tribunal da Espanha, que poderá reavaliar o processo em última instância.
Após sair da prisão, Daniel Alves se manifestou publicamente, afirmando que nunca perdeu a fé na Justiça e agradecendo o apoio da família. "A verdade sempre vem à tona", declarou o jogador, prometendo manter o silêncio "por respeito ao processo".