Aborto forçado, drogas e política suja: conheça o enredo ousado da novela de Glória Perez que foi barrada pela TV Globo
Publicado em 7 de abril de 2025 às 19:06
Por Pedro Henrique Cabo | Colaborador
Geek fashionista que canta 'Let It Go' no chuveiro, trata 'O Diabo Veste Prada' como religião e escolheu Piplup como seu inicial. Jornalista metido a designer, cinéfilo de Letterboxd e amante das artes.
Trama com violência reprodutiva e escândalos foi considerada 'forte demais' para o horário nobre.
Aborto forçado, drogas e política suja: conheça o enredo ousado da novela de Glória Perez que foi barrada pela TV Globo URGENTE! Gloria Perez deixa a TV Globo após emissora ‘censurar’ temática polêmica: ‘Direção considerou inadequado’ Fim de um ciclo: Gloria Perez deixa oficialmente a TV Globo após 42 anos de parceria. Em post nas redes, a autora explicou que a decisão foi tomada de comum acordo. Abortada — a trama e o contrato: Gloria revelou que a novela que substituiria "Vale Tudo" foi vetada pela direção da Globo, por abordar um tema considerado “inadequado”. “Tudo de comum acordo. Mas, nesse momento, prefiro assim. Quero viver esse tempo no ‘deixa a vida me levar’”, declarou Gloria com classe — e um leve cutucão.
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Por mais de quatro décadas, Glória Perez foi uma das vozes mais corajosas da teledramaturgia brasileira, abordando temas espinhosos como tráfico humano, intolerância religiosa, crimes virtuais e identidade de gênero em horário nobre. Mas, desta vez, o embate não se deu nas telas — e sim nos bastidores. 

A autora decidiu romper o contrato com a TV Globo após a emissora vetar sua nova novela, “Rosa dos Ventos”, antes mesmo de sair do papel. A informação é da colunista Carla Bittencourt, do Portal Leo Dias.

A trama, que pretendia suceder o remake de "Vale Tudo", enfrentou resistência da cúpula da Globo por abordar um tema delicado: aborto — mais precisamente, um aborto forçado cometido contra a protagonista. E não se tratava de mais um dramalhão sobre escolhas difíceis, mas sim de uma denúncia frontal à violência reprodutiva, prática ainda silenciada e pouco representada na ficção nacional.

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Qual seria o enredo de novela censurada pela TV Globo?

Na história, Cibele, uma ex-miss em decadência social, se vê seduzida por Murilo, um empresário casado com uma política em ascensão, Mabel. Após engravidar e acreditar que o filho selaria seu retorno ao glamour, Cibele é traída de forma brutal. Drogada por Murilo, ela sofre um aborto contra sua vontade. O que se segue é uma jornada de justiça e vingança — e a exposição de uma ferida aberta na sociedade brasileira: o controle sobre os corpos femininos.

Apesar de já ter capítulos pré-aprovados, a novela foi arquivada. Segundo Perez, a decisão da emissora foi justificada como “inadequada às novas diretrizes das novelas”. Sem aceitar reescrever a sinopse para suavizar o conteúdo, a autora preferiu encerrar sua parceria com o canal onde construiu uma carreira consagrada. “Tudo de comum acordo”, escreveu ela nas redes sociais. “Mas nesse momento prefiro assim, quero viver esse tempo no 'deixa a vida me levar'".

A recusa da emissora em levar ao ar “Rosa dos Ventos” não passou despercebida. Em tempos de debates acalorados sobre direitos reprodutivos, a escolha de engavetar uma história com esse enfoque levanta questões: até onde vai a ousadia da TV aberta? Quais limites ainda regem as narrativas que o público pode ou não assistir? 

Em vez de seguir a tendência global de narrativas mais realistas e engajadas, a Globo parece ter preferido a cautela. E, com isso, abriu mão não apenas de uma trama provocadora, mas também de uma reflexão urgente: a violência reprodutiva existe e cala tantas mulheres quanto qualquer censura editorial.

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