Quem viveu os anos 1980, ou cresceu ouvindo histórias da “época de ouro” da teledramaturgia, sabe: Regina Duarte e Lima Duarte formaram um dos casais mais icônicos da TV brasileira. Em "Roque Santeiro" (1985), novela de Dias Gomes com colaboração de Aguinaldo Silva, os atores interpretaram Viúva Porcina e Sinhozinho Malta, uma dupla explosiva de química, bordões e cenas que até hoje rondam memes, reprises e listas de maiores audiências.
O sucesso foi tão grande que, por anos, não faltaram telespectadores que juravam de pé junto que Regina e Lima eram parentes de sangue. Não eram, nem são. O mesmo sobrenome, que na verdade é artístico no caso de Lima Duarte, só alimentou a confusão. Na vida real, não há qualquer laço familiar entre os dois gigantes da TV.
Lima Duarte, nascido Ariclenes Venâncio Martins, adotou o nome artístico inspirado no dramaturgo português Lima Barreto e no educador Rui Duarte. Já Regina, de sobrenome Blois Duarte, carrega o Duarte como parte do nome de batismo. Assim, a coincidência virou combustível para rumores que nunca se confirmaram.
Se na dramaturgia Regina e Lima ficaram eternizados como Porcina e Sinhozinho, na vida real eles trilharam caminhos bem diferentes, especialmente na política. Em 2022, quase quatro décadas após Roque Santeiro, Lima Duarte viralizou ao publicar um vídeo público direcionado à colega de cena. O motivo: Regina, que já havia sido secretária especial de Cultura de Jair Bolsonaro, postou uma montagem do ex-presidente de mãos dadas com uma figura de Jesus Cristo.
Incomodado, Lima não ficou calado. “Minha querida Viúva Porcina, capricha para não acabar assim”, disse ele no vídeo, numa espécie de conselho misturado com repreensão pública. Foi um recado carinhoso, mas direto: para o veterano de 91 anos, a antiga parceira de cena precisava repensar suas alianças políticas.
A carreira de Regina sempre foi marcada por mocinhas românticas até romper com o rótulo de “Namoradinha do Brasil” em papéis mais complexos, como Malu Mulher e, claro, Porcina. Nos últimos anos, no entanto, a atriz trocou os bastidores dos estúdios pela arena política: em 2020, assumiu a Secretaria Especial de Cultura do governo Bolsonaro, protagonizando uma passagem conturbada e curta, marcada por polêmicas, críticas da classe artística e uma saída com gosto de “armadilha”, como ela mesma definiu anos depois.