Adriana Lima está de volta à passarela que a transformou em ícone global. Aos 44 anos, a supermodelo baiana é uma das estrelas do Victoria’s Secret Fashion Show 2025, que acontece nesta quarta-feira (15), em Nova York. O evento marca o segundo ano consecutivo desde o retorno do espetáculo, interrompido por seis anos após críticas severas à falta de diversidade e à objetificação feminina!
Mas há um detalhe que chama atenção nesse retorno triunfal e que o público mais atento não esqueceu. Em 2017, quando ainda era o rosto mais reconhecido da marca, Adriana fez um desabafo poderoso no Instagram, criticando a pressão estética e afirmando que não iria mais “tirar suas roupas por uma causa vazia”.
“Eu recebi uma chamada com a possibilidade de filmar um vídeo sexy meu, para ser postado e compartilhado nas mídias sociais. Mesmo que eu já tenha feito muito disso, alguma coisa mudou em mim, quando uma amiga se aproximou para compartilhar que ela estava se sentindo mal com seu corpo, e isso me fez pensar… que todos os dias em minha vida, eu acordo pensando, como estou hoje? Será que eu seria aceita para meu trabalho?”, escreveu a top na ocasião.
“E nesse momento eu percebi que a maioria das mulheres provavelmente acordam todas as manhãs tentando se encaixar em um estereótipo imposto pela sociedade, pelas mídias sociais, pela moda e etc. Eu pensei que esse não é um jeito de viver e, além disso, não é física e mentalmente saudável. Então eu decidi fazer essa mudança. Eu não vou mais tirar minhas roupas por uma causa vazia"
A publicação, feita em dezembro de 2017, gerou uma onda de apoio e também de críticas. Muitos interpretaram a mensagem como um recado direto à Victoria’s Secret, grife para a qual Adriana desfilava desde 1999 e que, na época, já começava a enfrentar questionamentos sobre seus padrões de beleza quase inatingíveis.
Adriana Lima foi, por quase duas décadas, o símbolo máximo da sensualidade da Victoria’s Secret. Foi Angel oficial de 2000 a 2018, desfilando com as lendárias asas e tornando-se a modelo que mais vezes vestiu o Fantasy Bra, o sutiã milionário da marca. Sua imagem (corpo atlético, olhar marcante, curvas "perfeitas") ajudou a consolidar a estética da grife, tão admirada quanto criticada.
Mas o tempo passou, o mundo mudou e Adriana também. Ao anunciar que não se submeteria mais a “causas vazias”, ela antecipava uma transformação que abalaria a indústria da moda nos anos seguintes... a queda do ideal único de beleza. O desfile da Victoria’s Secret foi suspenso em 2018, em meio a polêmicas e à perda de relevância. A empresa se viu obrigada a se reinventar, claro.
O retorno em 2024 veio com nova proposta, se declarando mais diversa, mais inclusiva e com um discurso que tenta conciliar sensualidade com empoderamento. Foi nesse cenário que Adriana voltou a vestir as asas, ressignificando toda aquela época que glamourizava os corpos considerados impecáveis.
A volta de Adriana Lima à passarela em 2025 é uma dessas ironias deliciosas da cultura pop. A mesma mulher que um dia declarou que não tiraria mais as roupas por “causas vazias” hoje volta a desfilar justamente para a marca que virou sinônimo desse imaginário. Só que o contexto é outro, como já te dissemos!
Na web, Adriana tem deixado claro que encara essa nova fase com um olhar diferente. Ao resgatar cliques antigos e posar com o clássico roupão da marca, recentemente, escreveu no Instagram: “Estou pronta para ti”. Se o desabafo foi para a marca, parece que já foi superado! A verdade é que a top não voltou à passarela para reafirmar os velhos padrões, mas para reposicionar sua própria história dentro deles.
Adriana Lima nasceu em Salvador, em 1981, e venceu o concurso Supermodel of Brazil aos 15 anos. Mudou-se para Nova York ainda adolescente e, com o tempo, tornou-se uma das modelos mais bem pagas e reconhecidas do mundo. Foi rosto de marcas como Maybelline, Versace, Louis Vuitton e Givenchy.
Segundo a revista Forbes, é uma das modelos mais bem remuneradas da história, com fortuna estimada em US$ 85 milhões. Fora das passarelas, também construiu uma imagem de mulher espiritualizada e consciente, traços que sempre contrastaram com o glamour quase inalcançável da profissão.
Quando publicou o texto em 2017, Adriana parecia querer libertar-se desse dilema. Seu desabafo ecoou como um manifesto silencioso de uma mulher cansada das imposições, mas ainda apaixonada pelo ofício que a fez brilhar.
player2