A Justiça de Goiás bateu o martelo (ainda que de forma provisória) sobre as lives de vendas da WePink, marca de cosméticos de Virgínia Fonseca, que "protegeu" os filhos da quadra da Grande Rio. Até então, elas estão temporariamente proibidas! A decisão vem após uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), que acusa a empresa de práticas abusivas e descumprimento do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Eita!
A juíza Tatianne Marcella Mendes Rosa Borges Mustafa, da 14ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, atendeu parcialmente ao pedido do MP e determinou que a WePink e seus sócios, Thiago Stabile e Chaopeng Tan, suspendam imediatamente as transmissões comerciais. A marca só poderá voltar a vender por lives depois de comprovar, documentalmente, que possui estoque suficiente dos produtos anunciados. Caso contrário, a multa é pesada: R$ 100 mil por ocorrência.
Mas a decisão vai além da proibição das lives. A magistrada determinou a criação de um canal de atendimento humano, com resposta inicial em até 24 horas, e o reembolso aos clientes em até 15 dias. A empresa também precisará divulgar, nas redes sociais e no site oficial, informações claras sobre cancelamentos, trocas e devoluções.
O pedido do MPGO não surgiu do nada. A promotoria reuniu um histórico robusto de queixas e denúncias: mais de 90 mil reclamações registradas no Reclame Aqui em 2024 e 340 denúncias formais recebidas pelo Procon-GO entre 2024 e 2025, conforme revelou o BNews.
Entre as reclamações, há relatos de vendas acima do estoque disponível, atrasos que chegavam a sete meses, falhas graves no atendimento automatizado e até exclusão de comentários negativos nas redes sociais. Vish... Aí complica!
Um dos pontos centrais da ação é um vídeo em que o sócio Thiago Stabile admite publicamente que a WePink chegou a vender “muito acima da capacidade de entrega”. Ele cita o salto de “200 mil para 400 mil faturamentos por mês”, trecho usado pelo MP como prova de que a empresa teria mantido as campanhas de vendas mesmo sabendo da falta de produtos, o que configura publicidade enganosa e má-fé contratual, segundo o órgão.
A decisão atinge em cheio o coração da estratégia comercial da WePink. As lives são o principal motor de vendas da marca, que consolidou sua presença digital apostando em eventos ao vivo e campanhas relâmpago comandadas pela própria Virgínia, uma das maiores influenciadoras do país.
De acordo com o portal 96FM, a Justiça também ordenou que a empresa comprove a existência de estoque antes de retomar as transmissões e institua um canal de atendimento humano em até 30 dias. O descumprimento das novas regras pode render mais multas (R$ 1 mil por ocorrência).
Nos autos, a juíza destacou que a empresa “mantém práticas abusivas e não estruturou um atendimento efetivo”, operando de forma “automatizada e desumanizada”. Em suas palavras, há “ausência de governança e priorização do lucro em detrimento do consumidor”.
O processo - de número 5822320-67.2025.8.09.0051 - já tem audiência de conciliação marcada para o dia 9 de dezembro de 2025, no Fórum de Goiânia. Até lá, a WePink está proibida de realizar novas lives e deve comprovar que está regularizando seus processos internos.
Em nota ao portal Terra, a equipe jurídica da marca afirmou que as notificações do Procon-GO “foram devidamente respondidas” e que “tudo será esclarecido nos próximos dias”.
Se confirmada, a decisão representa um golpe expressivo para a empresa e, por tabela, para Virgínia Fonseca, que construiu um império digital apoiado no engajamento das redes. O caso também abre um precedente importante sobre a responsabilidade das marcas digitais diante do consumo em massa pelas redes sociais.