A TV Globo lançou sua nova aposta no universo dos realities gastronômicos: o "Chef de Alto Nível", que estreou nesta terça-feira (15) com direito a cenário colossal, provas intensas e um time de mentores renomados. Com apresentação de Ana Maria Braga, a atração tenta fincar território em um campo já dominado pelo "MasterChef Brasil", exibido pela Band no mesmo horário.
Inspirado no formato internacional "Next Level Chef", de Gordon Ramsay, o reality brasileiro apresenta como diferencial a Torre das Cozinhas, estrutura com 17 metros de altura que abriga três cozinhas em diferentes níveis, cada uma com mais ou menos recursos. A proposta ambiciosa, no entanto, esbarrou em algo muito básico... a conexão com o público.
A primeira prova envolveu os cozinheiros amadores, que começaram no porão, o nível mais difícil. O desafio era preparar um almoço de domingo com ingredientes afetivos e tempo cronometrado em 40 minutos. Para dar um toque de “emoção”, os familiares dos participantes assistiram secretamente ao desempenho de seus entes queridos numa sala à parte.
Apesar do cenário grandioso e das boas intenções, a repercussão foi longe de positiva. Ainda no primeiro episódio, houve choro, nostalgia de vovó, correria típica de reality, e até eliminação: Erickson Blum foi o primeiro a sair da disputa, recebendo palavras de incentivo do chef Alex Atala, que revelou experiência gastronômica inusitada.
Mas, nas redes sociais, o público reagiu com frieza... ou melhor, com crítica direta. “Odeio programa que puxa pro lado emocional nos primeiros 10 minutos”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter). “Muito corrido e mal explicado, não teve nem uma apresentação decente dos participantes”, reclamou outro.
Na segunda prova, os participantes que subiram para a cozinha do meio enfrentaram o desafio: "o que cozinhar depois de um dia de trabalho?". Em mais 40 minutos cronometrados, os cozinheiros improvisaram receitas simples sob a liderança de Alex Atala.
Ao fim da rodada, Gilmar, Flan e Júlio garantiram acesso à cozinha do topo, a mais bem equipada da torre. Já Dih Vidal foi eliminada, deixando o reality com um discurso de gratidão. Mas o ritmo continuou frenético: logo veio mais uma prova, com o tema "receber um chef em casa".
Dessa vez, Flan, Luiza, Marina Cabral, Bruno Sutil e Gilmar Francisco foram os destaques e garantiram vaga na próxima fase, a Fase de Times. O amador Júlio Nieps, no entanto, foi o terceiro eliminado da estreia.
Apesar dos altos investimentos (cerca de R$ 60 milhões em publicidade), o reality não conseguiu engajar como esperado. O público digital, sempre atento, fez questão de comparar com o "MasterChef Brasil" e o veredito foi duro. “Tô achando tudo muito rápido. Não dá tempo de torcer por ninguém”, escreveu um espectador. “Os jurados ficam dando conselho como se tivessem fazendo um grande mousse”, ironizou outro.“O maior defeito é a edição picotada e rápida. Isso dificulta a identidade com o programa”, pontuou mais um usuário no X.
O tom geral foi de decepção com a falta de profundidade, edição acelerada e a tentativa de emocionar cedo demais, sem tempo de o público se apegar aos participantes.
Por enquanto, a impressão é que o novo reality ainda busca seu tempero ideal. A estrutura é impressionante, os mentores têm nome, mas se a Globo não ajustar o ritmo e a narrativa, a comparação com o rival da Band pode continuar azedando a recepção do público.