O samba brasileiro perdeu um de seus grandes mestres. Arlindo Cruz faleceu nesta sexta-feira (8), aos 66 anos.
Desde 2017, o cantor e compositor enfrentava graves sequelas de um AVC isquêmico, que comprometeu sua mobilidade e fala. Nos últimos anos, passou por diversas internações devido a complicações de saúde e chegou a sofrer uma parada cardíaca de 15 minutos, sendo reanimado pela equipe médica.
O AVC encerrou precocemente a trajetória de um artista que deixou um legado inestimável. Arlindo deixa a esposa, Babi Cruz, com quem esteve junto por mais de 26 anos, e os filhos Arlindinho e Flora Cruz.
Com mais de 700 músicas gravadas, Arlindo é reconhecido como um dos maiores sambistas do país. O amor pela música surgiu na infância, influenciado pelos pais, que tocavam pandeiro e cavaquinho — instrumento que ele ganhou aos 7 anos e nunca mais largou.
No início da década de 1980, começou a se destacar nas rodas de samba do bloco Cacique de Ramos, ao lado de nomes como Jorge Aragão e Beth Carvalho. Foi ali que emplacou suas primeiras composições gravadas por grandes intérpretes, como Lição de Malandragem, Grande Erro (Beth Carvalho) e Novo Amor (Alcione).
Em 1981, Arlindo entrou para o grupo Fundo de Quintal, substituindo Jorge Aragão. No grupo, compôs sucessos como O Show Tem Que Continuar e Só Pra Contrariar, consolidando-se também como intérprete.
Doze anos depois, seguiu carreira solo, lançando, em 1993, o álbum Arlindinho, com doze faixas em vinil. Ao longo da carreira, gravou oito álbuns solo e inúmeros trabalhos em parceria com outros artistas. Entre seus maiores sucessos estão Meu Lugar, homenagem a seu amado bairro de Madureira, Bagaço da Laranja e Camarão Que Dorme a Onda Leva.
Apaixonado pelo carnaval, Arlindo foi autor de sambas-enredo memoráveis para escolas como Império Serrano, Grande Rio, Vila Isabel e Leão de Nova Iguaçu, ajudando a escrever parte da história da festa.
O Brasil se despede de um ícone cuja obra atravessa gerações, mantendo vivo o espírito e a poesia do samba.
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