Nesse domingo (28), um dos nomes mais polêmicos e marcantes da música brasileira completaria 83 anos. Um artista de talento inegável, dono de uma voz única e de um temperamento explosivo que marcou sua trajetória. Mas, além das canções que atravessam gerações, sua história também guarda episódios controversos. Entre eles, o fato de ter sido vetado pela TV Globo em pleno auge da carreira. O motivo? Uma ausência que provocou uma das medidas mais drásticas já tomadas pela emissora.
Em junho de 1993, a maior emissora do país publicou um memorando interno, assinado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni, determinando que o cantor não poderia mais aparecer em nenhum programa da casa. O documento, revelado na época pela jornalista Cristina Padiglione no extinto jornal Folha da Tarde, dizia: “Tendo em vista o comportamento reincidente do cantor, como está registrado no relatório anexado, informamos que está proibida, até segunda ordem, a sua presença em qualquer programa da Rede Globo”.
O estopim foi um “cano” histórico no Domingão do Faustão, programa que, na época, tinha uma das maiores audiências da televisão brasileira. O artista simplesmente não apareceu, deixando a emissora em situação delicada.
Questionado sobre o episódio, ele não poupou palavras. Em conversa com Padiglione, chegou a dizer: “Faz cinco anos que eles me boicotam. Eu fui ao programa da Xuxa. Esse Boni, alguém tem que acabar com ele”. O músico ainda alegou que não havia contrato com a emissora e justificou sua ausência com um simples “cansaço”.
O curioso é que, segundo o próprio Boni revelou anos depois em entrevista, já existia uma ordem interna para que o cantor não fosse convidado a programas ao vivo. “O curioso é que nem quando era gravado ele vinha. Mas os músicos cobravam da Globo e éramos obrigados a pagá-los. Isso gerou esse memorando. Pessoalmente nunca houve problemas da minha parte. Somente uma atitude profissional. Depois nos falamos e até marcamos um almoço. Mas ele, como sempre, não veio”, contou o ex-executivo da emissora em declaração resgatada pelo portal UOL.
Se até aqui você ainda não adivinhou, o nome por trás de toda essa polêmica é Tim Maia. O cantor que eternizou sucessos como “Gostava Tanto de Você”, “Azul da Cor do Mar” e a fase mística do Racional, não apenas deixou um legado musical incomparável, mas também uma coleção de histórias que ajudam a explicar por que ele continua sendo lembrado como um dos artistas mais autênticos e irreverentes do Brasil.
Neste domingo, ele estaria comemorando 83 anos de vida. E, mesmo 25 anos após sua morte, Tim continua vivo na memória dos fãs — seja pela música, pela irreverência ou pelas polêmicas que atravessaram a sua trajetória. Afinal, como poucos, ele soube transformar até os episódios mais turbulentos em parte inseparável de sua lenda pessoal.
Passadas três décadas, o nome do artista voltou com força justamente dentro da própria Globo. Em 2022, o Globoplay lançou a série documental “Vale Tudo com Tim Maia”, dirigida por Renato Terra e Nelson Motta, com colaboração de Carmelo Maia, filho do cantor. A produção trouxe entrevistas raras, registros inéditos e até filmagens caseiras, mostrando o músico em primeira pessoa, como protagonista absoluto da própria trajetória.
“Trouxemos a personalidade irresistível do Tim Maia para ser protagonista absoluta. A série é um mergulho no jeitão do Tim, e Tim é hilário”, afirmou o diretor Renato Terra em entrevista à jornalista Cristina Padiglione, para a Folha de S. Paulo.
player2