Conhecido por se entregar de corpo e alma aos seus papéis mais exagerados, Jim Carrey sempre levou o humor ao limite. Suas expressões faciais viraram marca registrada, e sua energia em cena conquistou gerações ao longo de décadas, inclusive em produções bem fora do comum, como um filme que também levava o falecido ator Peter Greene.
'O Grinch' chegou aos cinemas em 2000 como adaptação do livro 'Como o Grinch Roubou o Natal', escrito por Theodor Seuss Geisel em 1957. Quem já assistiu sabe que Carrey aparece em cena coberto de pelos, completamente verde e extremamente fiel às ilustrações originais.
No entanto, para alcançar esse visual, foi necessário um processo de maquiagem complexo e exaustivo.
Hoje, 25 anos depois do lançamento do filme, Jim Carrey e outros envolvidos na produção relembraram os bastidores em entrevista à 'Vulture'. Embora tenha recebido cerca de 20 milhões de dólares pelo papel (aproximadamente R$ 110 milhões na cotação atual), o seu processo de 'virar' o Grinch em cena teve um custo alto que nem o dinheiro pagou.
Os problemas aparecerampós o maquiador Rick Baker finalizar o visual, e próprio Carrey contou: "Para fazer o Grinch parecer o Grinch, eles tiveram que colocar a ponta do meu nariz na ponte do nariz dele. O resto do meu nariz ficou completamente coberto, então eu não conseguia respirar por ele. Acabei respirando pela boca durante todo o filme".
Além da dificuldade para respirar, o traje era coberto por pelos que coçavam sem parar. Para completar, o ator precisava usar lentes de contato enormes durante horas, o que causava dor constante. O diretor Ron Howard relembrou o quanto o protagonista sofreu durante as gravações:
"Jim teve crises de pânico. Eu o vi deitado no chão entre as filmagens com um saco de papel pardo. Literalmente no chão. Ele se sentia péssimo."
O desgaste começava antes mesmo de gravar, já que o ator passava cerca de oito horas imóvel enquanto a maquiagem era aplicada. Pouco tempo depois do início das filmagens, ele chegou a procurar os produtores e se ofereceu para devolver o cachê e abandonar o projeto. Mas, como sabemos, isso não aconteceu.
Para evitar que o ator desistisse de vez, os produtores recorreram a uma solução nada convencional: colocaram Jim Carrey para ter 'aulas' com Richard Marcinko, ex-comandante dos SEALs da Marinha dos EUA. Ele tinha experiência em treinar soldados para situações extremas, incluindo resistência à dor, confinamento e pressão psicológica.
Segundo o próprio Carrey, Marcinko lhe ensinou técnicas para lidar com o desconforto intenso do figurino e da maquiagem. Outra ajuda inesperada durante as longas sessões foi a música dos Bee Gees, que ajudava o ator a manter o ânimo enquanto enfrentava horas de preparação.
A história deixa claro o quanto o trabalho de um ator pode ser fisicamente e emocionalmente desgastante. No fim das contas, fica a pergunta: todo esse sacrifício valeu a pena? O Grinch virou um clássico natalino e, para muitos fãs, a resposta é um satisfatório "sim".