O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta quinta-feira (26), que vai editar um novo decreto para permitir que o governo brasileiro custeie as despesas do translado do corpo de Juliana Marins, brasileira de 27 anos que morreu após cair durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia. A jovem, natural de Niterói (RJ), havia desaparecido na sexta-feira (20) e foi encontrada morta na terça-feira (24), conforme divulgado pela família nas redes sociais.
“Vou revogar esse decreto e vou fazer outro decreto para que o governo brasileiro possa custear a vinda dessa jovem. Hoje pela manhã eu falei com o pai dela”, afirmou Lula, durante um evento na Favela do Moinho, em São Paulo. “Sei que muita gente está acompanhando pela internet o sofrimento dessa moça e o sofrimento da família. Portanto, nós vamos cuidar de todos os brasileiros, esteja ele onde estiver”, completou o presidente, segundo o Estadão.
A declaração de Lula veio um dia depois de o Ministério das Relações Exteriores afirmar, em nota ao mesmo jornal, que o decreto nº 9.199/2017 impedia o uso de recursos públicos para custear despesas com sepultamento e repatriação de corpos de brasileiros falecidos fora do país. Pela norma, a assistência consular se restringia a orientar os familiares, emitir documentos e intermediar contatos com autoridades locais.
A resposta oficial gerou forte repercussão nas redes sociais. Muitos usuários criticaram o governo federal pela ausência de ação direta diante da tragédia, e comparações foram feitas com outros casos recentes de mobilização pública. “O que uma pressão não faz, né, Lula?”, escreveu um internauta. Outro comentou: “A vergonha foi demais pra você".
Também houve menções ao episódio em que o governo enviou um avião da Força Aérea Brasileira para buscar Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, após o Brasil conceder asilo político. Alguns internautas destacaram que, antes do pronunciamento oficial de Lula, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), e o jogador de futebol Alexandre Pato já haviam se colocado à disposição para arcar com os custos do traslado.
A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, também se manifestou nas redes sociais. Em mensagem emocionante, ela relatou ter conversado com Mari, irmã de Juliana, e assegurou o apoio do presidente para o retorno do corpo da jovem ao Brasil.
“Hoje, quando conversei com a Mari, irmã da Juliana, falamos sobre o quanto esse triste vazio pode ser preenchido pelos sonhos da Ju e pela sua coragem em realizar tudo o que desejou. O presidente Lula assegurou a assinatura de um decreto que permite que a Ju volte para casa e que sua família e amigos possam se despedir dela com todo o amor que ela merece”, escreveu.
Mais tarde, em publicação no X (antigo Twitter), Lula reforçou seu compromisso com a família de Juliana: “O governo federal prestará todo apoio necessário à família de Juliana Marins, inclusive o translado ao Brasil. Vou editar um novo decreto para que o governo brasileiro assuma a responsabilidade de custear as despesas do translado para o Brasil da jovem Juliana, para que seus familiares e amigos possam se despedir dela com todo carinho e amor merecidos".
O presidente também revelou que ligou pessoalmente para o pai da jovem. “Conversei hoje por telefone com Manoel Marins, pai de Juliana Marins, para prestar a minha solidariedade neste momento de tanta dor. Informei a ele que já determinei ao Ministério das Relações Exteriores que preste todo o apoio à família, o que inclui o translado do corpo até o Brasil”, escreveu Lula.
Juliana Marins viajava na Indonésia quando sofreu uma queda durante uma trilha no Parque Nacional do Monte Rinjani, região que abriga o famoso vulcão. Segundo relatos de testemunhas, a jovem foi deixada para trás pelo guia contratado para o passeio. Seu desaparecimento só foi notado horas depois.
A família denunciou o que chamou de “grande negligência” nas buscas, marcadas por atrasos e dificuldades no acesso ao local. Em resposta, o governo indonésio alegou que a operação de resgate envolveu “a colaboração entre diversas agências e voluntários, trabalhando em terreno extremo com clima imprevisível”.
Agora, com a promessa de um novo decreto e o apoio do governo federal, familiares e amigos de Juliana aguardam que ela finalmente possa voltar para casa.