Recentemente, Mariana Rios tornou pública sua luta para se tornar mãe, após descobrir que foi diagnosticada com trombofilia adquirida, uma condição que pode dificultar a gravidez e aumentar o risco de complicações gestacionais.
A trombofilia é uma condição médica caracterizada pela tendência do sangue formar coágulos de maneira excessiva, o que pode levar a complicações graves no sistema circulatório, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, acidente vascular cerebral (AVC) e até infarto. Embora muitas vezes seja silenciosa, a condição exige atenção especial, principalmente em grupos de risco.
De acordo com o Dr. Tomaz Crochemore, médico intensivista, doutor e mestre em coagulação, trombose e hemostasia e diretor médico da Werfen, o equilíbrio natural entre a formação e a dissolução de coágulos é rompido na trombofilia, aumentando o risco de trombose tanto em veias quanto em artérias.
A trombofilia pode ser hereditária, quando há predisposição genética para o desenvolvimento de coágulos. Casos ligados, por exemplo, a mutações no fator V de Leiden, na protrombina ou à deficiência de proteínas C e S, ou adquirida, associada a doenças autoimunes, uso de anticoncepcionais, gravidez e até a síndrome antifosfolípide.
Entre os fatores de risco estão também obesidade, imobilização prolongada, cirurgias, câncer, tabagismo, insuficiência cardíaca ou respiratória e infecções graves, como a covid-19.
"Esses tipos diferem principalmente pela causa: hereditária (transmitida geneticamente) ou adquirida (relacionada a outras condições de saúde). Entender a trombofilia e seus
fatores de risco é crucial para a prevenção e tratamento da trombose, especialmente em indivíduos com predisposição genética ou histórico familiar. O diagnóstico e
tratamento adequados podem reduzir significativamente o risco de complicações graves", explica o médico.
Embora a trombofilia em si não apresente sintomas, suas complicações podem ser identificadas. Dor e inchaço nas pernas podem indicar trombose venosa profunda; dor no peito e falta de ar sugerem embolia pulmonar; já sintomas neurológicos súbitos podem estar relacionados a um AVC.
"A trombofilia aumenta o risco de complicações graves durante a gravidez, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, aborto espontâneo, pré-eclâmpsia e parto prematuro. Gestantes com trombofilia devem ser monitoradas de perto e, em muitos casos, é recomendado o uso de anticoagulantes (como heparina) para prevenir a formação de coágulos. O acompanhamento regular com um médico especializado é essencial para gerenciar os riscos. E, atualmente, existem testes diagnósticos que servem para monitorar a resposta dos pacientes a estes anticoagulantes, para evitar complicações como sangramento", acrescenta.
De acordo com o especialista, o diagnóstico pode ser feito por meio de exames laboratoriais, como testes de hemostasia, de autoimunidade e testes genéticos, além de exames de imagem como ultrassonografia doppler e tomografia computadorizada.
O rastreamento é recomendado em pessoas com histórico familiar, em mulheres que planejam engravidar, em pacientes com episódios repetidos de trombose e antes do início de terapias hormonais.
O tratamento inclui o uso de anticoagulantes, administrados por via oral, subcutânea ou endovenosa, e acompanhamento médico contínuo. Além da medicação, mudanças no estilo de vida fazem diferença: parar de fumar, praticar atividade física, evitar longos períodos de imobilidade, usar meias de compressão e manter alimentação equilibrada são medidas importantes para reduzir riscos.
No caso de mulheres com trombofilia, o uso de anticoncepcionais ou terapias hormonais deve ser discutido cuidadosamente com o médico, já que podem aumentar o risco de trombose.
“O acompanhamento regular é fundamental para ajustar o tratamento, prevenir complicações e garantir a segurança do paciente, especialmente naqueles com histórico genético ou fatores de risco associados”, ressalta o Dr. Crochemore.