A morte de Preta Gil aos 50 anos de idade abalou amigos famosos e fãs da cantora. A artista estava em Nova York, nos Estados Unidos, para uma nova fase do tratamento de câncer de colorretal, doença com a qual foi diagnosticada em 2023.
Para além da tristeza com a partida precoce da artista, trata-se de um momento de celebrar o legado de Preta por um mundo com menos preconceito e fim de tabus sobre corpo, preconceito, relações amorosas, orientação sexual e mais.
Por isso, o Purepeople reuniu algumas das diversas frases marcantes de Preta Gil ao longo da carreira. Veja abaixo seis delas:
Durante o tratamento do câncer, Preta Gil apareceu inúmeras vezes de biquíni com as cicatrizes à mostra e também com sua bolsa de colostomia.
Ao participar do “Roda Viva”, na TV Cultura, a artista revelou uma verdadeira relação de amor pelas marcas na pele.
“Além de expor, eu amo as minhas cicatrizes. Acho que é vida. É sinal de muita beleza. Desde que eu me entendo por gente, tento ressignificar a minha existência”, disse. Segundo ela, ser fonte de inspiração era fundamental em sua vida. “Muito da minha existência passa por aí, em me libertar, mas ajudar outras pessoas a se libertarem também”.
À revista “Elle Brasil”, Preta Gil destacou sua relação com o corpo: ela se tornou uma das principais vozes pela luta contra padrões estéticos.
“Uso biquíni e posto. Não cuidei do meu corpo a vida inteira. Foi ele que cuidou de mim. Tenho gratidão por ele ter suportado, em um ano, mais de 12 procedimentos e cirurgias”, disse em março de 2024.
Pouco tempo depois que descobriu o câncer, Preta Gil também falou abertamente sobre sua separação em entrevista à revista Marie Claire.
Ela era casada com Rodrigo Godoy, por quem foi abandonada e traída durante o tratamento do câncer.
"Meu instinto de sobrevivência me fez querer me separar, mesmo eu estando com câncer, porque não estava me fazendo bem. E é machista achar que preciso ficar casada para ser cuidada", disse à revista.
Ela ainda questionou: “Por que o marido é mais importante que a mãe, o pai, a irmã, o amigo? Isso é um traço do patriarcado, que coloca essa importância tão grande no homem”.
Um dos momentos mais emocionantes nos últimos anos de vida de Preta Gil foi o lançamento de sua biografia, “Preta Gil: os primeiros 50”.
“Não quero esconder o meu envelhecer, a minha maturidade, ao contrário, quero vivenciar para não me frustrar, porque é muito triste ver tanta mulher com problemas de aceitação porque não sabe envelhecer, ainda mais no mundo de hoje com internet, com filtro, é uma loucura. Quero ser eu mesma em qualquer ambiente, seja ele digital, seja ele analógico”, declarou ao Terra.
Um dos primeiros momentos em que Preta Gil viu que precisaria ressignificar sua vida foi ao lançar seu primeiro álbum, “Prêt-à Porter” (2003), e ser alvo de ataques gordofóbicos e machistas por aparecer nua na capa.
À época, ela entrou em páginas do Orkut para entender o comportamento dos haters.
"Foi uma ruptura para mim, para a construção do meu caráter não só como artista, mas como mulher. Entendi que tinha que continuar seguindo as minhas verdades, me construindo, me reconhecendo cada vez mais como uma mulher preta, gorda e bissexual sim. Nada disso é motivo para eu me envergonhar. Ali eu entendi que eu teria um grande debate para o resto da minha vida", afirmou durante o festival "Converse com outras ideais", da Globonews, em 2024.
A maternidade foi transformadora para Preta Gil: a cantora foi mãe de Francisco com menos de 20 anos e sempre destacou sobre a importância dessa vivência em sua história, destacando que a experiência era individual.
“Isso é uma opção pessoal, particular, de cada mulher, ela não pode ser massacrada. Eu fiquei grávida com 19 anos e não passou pela minha cabeça tirar, mas quantas meninas não podem e quantas mulheres não querem? E a gente tem que garantir esse direito”, apontou ao portal Universa.