Atualmente, é comum ver famosos e anônimos dando nomes exóticos e às vezes bem curtinhos para seus herdeiros. Mas nem sempre isso foi uma regra: a escolha do nome de um filho para nossos pais e avós trazia um misto de tradição, aspiração e simplicidade.
Assim como em tantos outros lugares do mundo, os registros de nomes mais comuns no Brasil revelam tendências que marcaram gerações e que hoje soam como clássicos nas famílias.
Na década de 1940, era comum que os pais escolhessem nomes “adequados”: de fácil pronúncia, associados a santos, personalidades históricas ou princípios morais.
Quase todas as certidões mencionavam João, José, Maria e Ana. Também havia muitos Antônios, Helenas e Josefas.
Não é por acaso que muitos artistas e personalidades que se tornaram referência nasceram com esses nomes aparentemente simples, como Maria Bethânia, Antônio Fagundes, João Gilberto, Helena Ranaldi. Neles, o tradicional nunca perdeu força.
Quando pensamos nos tios, avós ou vizinhos que nasceram nos anos 40, vêm à memória nomes que hoje soam raros, mas que um dia foram o comum do comum.
Esses nomes tinham uma sonoridade que se encaixava bem no cotidiano e davam uma sensação de familiaridade. Não é coincidência que tantos deles ficaram eternizados em figuras públicas: Roberto Carlos, o “Rei” da música brasileira; Paulo José e Luiz Gustavo, ícones da televisão; ou Marlene, a cantora que embalou os anos 50. Veja a seguir, de acordo com dados do IBGE, os 20 nomes mais comuns entre homens e mulheres na década.
Top 20 nomes femininos mais comuns em 1940
- Maria
- Ana
- Francisca
- Antônia
- Terezinha
- Josefa
- Raimunda
- Tereza
- Rosa
- Luzia
- Aparecida
- Marlene
- Vera
- Joana
- Rita
- Helena
- Benedita
- Nair
- Sebastiana
- Elza
Top 20 nomes masculinos mais comuns em 1940
- José
- Antônio
- João
- Francisco
- Manoel
- Pedro
- Sebastião
- Raimundo
- Luiz
- Paulo
- Geraldo
- Carlos
- Luís
- Benedito
- Manuel
- Joaquim
- Jorge
- Nelson
- Severino
- Mário
E quem nunca ouviu falar da Helena de Manoel Carlos? Personagem recorrente nas novelas, vivida por atrizes como Taís Araújo, Vera Fischer e Regina Duarte, ela se tornou quase um símbolo do nome feminino clássico.
O fascínio pelos nomes antigos vem, em parte, da memória afetiva. Ouvir o nome de um avô, de uma tia querida ou de uma vizinha de infância traz lembranças de outras épocas: elas podem ser até sensoriais, como cheiros e vozes, além das histórias de família.
Há também uma questão cultural: nos anos 40, as escolhas eram mais homogêneas, e a sociedade vivia um momento de menos experimentação. Hoje, com o mundo globalizado, os nomes se multiplicaram e se misturaram, mas muitos pais voltam a se encantar pelos sons simples e familiares.
Nomes como Helena, João, Antônio e Maria continuam firmes entre os preferidos, agora vistos como elegantes e atemporais.
Olhar para os nomes daquela década é olhar para o espírito de um país que valorizava a tradição e a simplicidade. Havia menos espaço para modismos, e o nome era um elo com a comunidade. Alguém com um nome “diferente” chamava atenção, o que podia ser motivo de curiosidade ou estranhamento.
Ainda assim, há algo profundamente bonito nessa escolha mais contida. Nomes das décadas de 40 têm uma força discreta, uma doçura que vem da história. Se hoje eles soam antigos, é justamente isso que os torna especiais. São nomes que não se desgastam, que resistem ao tempo e guardam a memória.
No fim das contas, uma coisa é certa: o clássico nunca sai de moda, ele apenas muda de geração. E talvez, ao escolher um nome com alma de anos 40, a gente esteja não só batizando um filho, mas também resgatando um pedacinho do Brasil que ainda vive em nós.